Postagens

Mostrando postagens de 2009

O nascimento de Peri

Imagem
O jogo estava começando e aí recebo a ligação cujo número, antecedido pelo código (31), me indicava ser de meu filho, vivendo desde o início do ano em Belo Horizonte: "Pai! Mariana começou o trabalho de parto, viu? Abraços..." Naquele momento, eu estava ligado em Belo Horizonte não somente por causa da iminente chegada de meu primeiro neto, mas também porque era lá que o meu Mengão começava a dizer a todos que estava, sim, na disputa do título do Campeonato Brasileiro deste ano, jogando contra o Atlético, velho rival de outras disputas. Não entrarei nos detalhes do jogo em que saímos vitoriosos em 3 a 1, placar que demonstrou o quanto o meu Flamengo foi superior jogando na casa de um adversário que, naquele momento, estava na disputa do título. Após o fim da peleja, liguei imediatamente para meu filho para saber do parto de Peri (sim, é esse o nome do comedorzinho de rapadura!). O trabalho de parto ainda não havia se findado. Perguntei se Mariana (cuja família é quase toda at

A Vitória de Besouro

Estou em Belo Horizonte passando os festejos de fim de ano lambendo meu neto com um mês e pouco de nascido. Resolvi atualizar o blog escrevendo sobre o filme "Besouro" já que foi minha última postagem, escrita antes mesmo de ver o filme. Então: parece que o filme apenas confirmou minhas suspeitas e devo dizer que confirmou sua vitória sobre a morte. Isto já estava dado quando os mestres capoeiras o trouxeram para seus cânticos. Mas agora o cinema o tornou conhecido para além das fronteiras das rodas dos capoeiras. O filme, exibido durante todo o mês de novembro fez jus ao seu nome. Como eu imaginava, muitos reclamariam dos efeitos roliudianos, mas eu aprovei. Foram usados apenas naquilo que era necessário e tão-somente fornecendo ao mito aquilo que todo mito precisa ter para ser isso, ou seja, a extrapolação da realidade.

Lula e César Benjamim: filhos da verdade e do Brasil

Imagem
A chamada grande imprensa brasileira tem em sua história a marca de arquiteta e mestre de obras "mitológicas". São informações que se transformam em "verdades inquestionáveis" e cristalizam personagens e acontecimentos, os quais, no cotidiano das memórias e explicações do mundo que o imaginário popular e da classe média (os chamados "formadores de opinião") põem em movimento, sedimentam não apenas opiniões momentâneas, mas estruturas de representação do mundo. Talvez, pelo reconhecimento do próprio poder, tenham feito tanto alarde diante do pré-lançamento do filme "Lula, o Filho do Brasil"... Em face disso, republico aqui um artigo do jornalista Washington Araújo, sobre uma tentativa de atacar o caráter do presidente Lula a partir de um depoimento cujos detalhes, quando analisados, descortinam muito do que tem assustado as elites brasileiras e deteminados setores de nossa esquerdoida. O filme, aliás, estará em cartaz a partir de janeiro do próxim

O Alecrim e o poder da Força

Imagem
Graças a um casal amigo meu incorporei aos meus olhos futebolísticos o Alecrim F.C.. Entre as razões (para além de minha afetividade pelo casal e o próprio fato de meu filho mais velho, Cainã, ser, também, torcedor do Verdão) está, por exemplo, uma antipatia que nutro pelas práticas de paixão doentia (portanto que beira a loucura violenta) de torcidas como a Máfia nãoseidequecor e a Gang tambémnãoseidequecor. Sei que alguém diria que essas práticas deveriam me afastar das torcidas e não do time, mas, a verdade é que escolhi viver em Natal desde que tenho 17 anos e não consegui me apaixonar por nenhum clube daqui. Pelo contrário, torcia (e torço) por qualquer outro clube do interior do Estado (especialmente aqueles oriundos do meu Seridó) quando se encontram com o ABC ou o América... Mas, devo dizer que fui ao Machadão mais vezes neste ano do que durante os últimos cinco, por causa do Alecrim. Clube que é queridinho de todo mundo enquanto não ameaça seriamente a hegemonia de alvinegros

Da série "não vi mas já gostei": Besouro

Imagem
Ao sair da sessão de um filme pouco atrativo (sim, porque nem lembro o título agora...portanto não deve ter me causado impacto algum) me deparei com o cartaz. O título, curto, de visibilidade imediata: "Besouro", sob a imagem de um negro saltando. Nem foi preciso pensar muito. Deduzi de imediato que, finalmente, o cinema brasileiro estava rendendo suas homenagens a um dos maiores mitos brasileiros: o "Besouro". Ponto para o diretor, o novato João Daniel Tikhomiroff. É o reconhecimento tardio de um fantástico personagem presente (e sobreviente) no imaginário popular graças aos cânticos (ou "mantras", como diriam alguns) dos capoeiristas brasileiros, que nos seus jogos entoam as façanhas de Besouro. Eu o conheci através de um texto do prof. José Gerardo Vasconcelos (da UFC) que pesquisou sobre o personagem e produziu um belo texto referindo-se à sua eternização pela memória popular, como que uma teimosia da memória popular em face de uma de suas maiores cara

Nós temos SUS..."eles" não têm...

Imagem
Reproduzo abaixo um artigo do prof. Luís Carlos Lopes, autor do livro "TV, poder e substância: a espiral da intriga", sobre as tentativas do presidente Obama em instituir um sistema público de saúde, similar ao brasileiro. As resistências são enormes e, ao contrário do que se supõe, a oposição que ele sofre não se deve a uma suposta falha do "nosso" SUS, mas, muito mais, por razões ideológicas e, principalmente, econômicas, afinal as empresas de planos de saúde faturam milhões por lá (como aqui também)... Apesar de todos os seus problemas, o nosso SUS é tido como exemplo de modelo, exatamente porque funda-se em princípios básicos pelos quais as pessoas atendidas não são vistas como "clientes" mas "detentores de direitos". Recentemente o cineasta-documentarista Michael Moore retratou (com a sua fina ironia e perspicácia que lhe são características) toda a violência da saúde dos EUA no filme "SICKO - SOS Saúde". Quem puder ver veja e tire

A Terceira Morte de "Jonas"

Imagem
Quase um mês sem postar nada...Muito trabalho, pouco tempo...e a vida que segue cheia de surpresas, dilemas, escolhas e a busca incessante pela felicidade. Até alguns minutos atrás nem pensava em postar nada, até acessar minha caixa de mensagens e ler um artigo da Revista Fórum, cujo título é "A terceira morte de Virgílio Gomes da Silva". Um artigo que se refere a um líder da guerrilha urbana que combateu a ditadura militar durante os anos 1970. O artigo resgata a trajetória das "mortes" desse militante anti-ditadura militar e apenas esquece de dizer uma coisa que, também, poucos sabem: Virgílio Gomes da Silva, codinome "Jonas", era potiguar de Sítio Novo. Abaixo o artigo: "A terceira morte de Virgilio Gomes da Silva", por Pedro Venceslau A mais ousada ação militar da esquerda armada brasileira contra a ditadura completa hoje 40 anos. Quis o destino, se é que ele existe, que a efeméride do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick

Meu Vinho

Imagem
Meu vinho, vem vindo, escorrendo pela minha boca, se apropriando das corredeiras de minha língua. Meu vinho, vem rindo, inundando com seu sorriso, meus olhos ávidos, minhas horas cálidas. Meu vinho, quando desce pela taça - o encontro do líquido com o cristal - produz gemidos que escapam e se transfiguram em flores perfumantes e dançantes, diante de meus olhos alegres, pétalas que se espalham noite adentro, quarto adentro, desejo adentro, e eu adentro.

38 milhões e ninguém ganhou...e ninguém postou nada...rsrs

Da semana passada para cá aumentou o valor dos milhões acumulados da Megasena porque ninguém acertou quarta passada, nem sábado...Pelo visto também ninguém se dispôs a aceitar minha provocação de postar seus sonhos "possíveis" caso ganhassem a Megasena acumulada, como fiz na última postagem. Ou ninguém leu (rsrsrs) ou têm sonhos "impossíveis" de serem externados publicamente (rsrsrs)...beijos a todos e todas...estou curtindo dois dias com meu filho Cauê e meu sobrinho Iago um pedaço de nossas férias.

32 milhões de desejos

Imagem
"Sonhar não custa nada" nos lembra um samba enredo muito popular, cantado num desses carnavais cariocas, há alguns anos atrás. Ele se adequa muito bem a momentos como este em que alguns milhões de brasileiros param para imaginar o que fariam se ganhassem o prêmio acumulado da Megasena. Não custa nada sonhar, mas nossos sonhos cotidianos, para serem realizados, são convertidos em valores monetários. Assim, penso que temos três categorias de sonhos: aqueles que nas teias e emaranhados do cotidiano, nos engalfinhamos para realizá-los. São os sonhos possíveis. Sofridos. Suados. Banais. Mas, essenciais ao nosso viver. Nos formam a personalidade, cumprem a função de satisfazer pequenas necessidades básicas que nos faz sentirmos "gente". Há os que ultrapassam qualquer parâmetro individual, imediato. Ao longo da história, movem multidões, civilizações inteiras, povos, grupos distintos, mas unidos em torno deste tipo de sonho. São os sonhos "impossíveis". Entre asp

Entre quatro paredes, por Emir Sader.

Imagem
Entre tantas tarefas que (se)me consomem, tento, atento ao encerramento do semestre letivo, manter este blog atualizado, minimamente. Posto hoje um artigo do Emir Sader, de cujas posições tenho bastante proximidade pela lucidez de algumas análises, pela acuidade de algumas críticas - inclusive à esquerda (na qual ele mesmo se inclui). Assim, resolvi reproduzir aqui mais um artigo de sua lavra, sobre determinados posicionamentos de uma certa esquerdoida que se diz revolucionária. Abraços e boa semana a todos e todas. "Duas analises tem sido muito difundidas, ambas incorretas: uma acredita que a crise atual levou ao fim do neoliberalismo e condena o próprio capitalismo à morte. A outra afirma que todas as tentativas atuais – especialmente as latinoamericanas – de superação do neoliberalismo fracassaram ou tendem a fracassar, “traindo” os mandatos que receberam. Parecem analises contrapostas, mas são funcionais uma à outra. Porque remetem à idéia de que as condições de superação do c

O autismo cultural no RN, por Fernando Yamamoto

O querido e respeitado Fernando Yamamoto cutuca a(s) onça(s) e traz uma importante reflexão sobre os chamados "Autos" que mobilizam fortemente a agenda (e os recursos públicos) da área cultural de nosso Estado. Suas opiniões são consistentes e refletem o pensamento de boa parte daqueles e daquelas que são sensíveis às questões da política cultural local. Reproduzo aqui seu texto, publicado em 17/06/2009, no jornal Tribuna do Norte. "Há cerca de uma década assola no teatro potiguar uma onda de encenações ao ar livre, em geral montadas em grande estruturas, popularmente conhecidas por “autos”. Para quem jamais ouviu falar, a matriarca destes espetáculos é a famigerada Paixão de Cristo encenada na cidade pernambucana de Nova Jerusalém. Estes espetáculos normalmente têm por característica homenagear santos – em geral padroeiros das cidades onde acontecem –, mas também podem prestar tributos a fatos históricos, como o dia em que a polícia expulsou o bando de Lampião da cidade

Castanhas e Cajus

Imagem
Fui provocado por pessoas próximas a postar mais atentados poéticos de minha lavra. Aqui posto uma pobre tentativa de escrever um martelo agalopado. Digo pobre porque ele não obedece ao padrão clássico do que se classifica de Martelo Agalopado (uma, ou mais, estrofe/s de dez versos decassilábicos, bem ritmado - como um galope! -, marcando tônicas nas sílabas 3, 6 e 10, cuja estrutura rímica segue o esquema das décimas dos cantadores, ou seja, ABBAACCDDC.). Podem, então, chamar o meu de "martelinho"...Eu o escrevi há anos atrás, após ouvir uma bela história de um casal de namorados que viviam em lugares distantes e ele tentou (em vão) convencer uma funcionária dos Correios de mandar via postal, uma lembrancinha dele para ela: um quilo de cajus...Resolveu, então, chupar os cajus e mandar-lhe as castanhas. Bela declaração de amor...Quanto ao poema...bem...podem comentar depois...abraços a todos e todas. Tantos encontros cercam nossa história, um sonho, um som, um poema, uma vitó

Carta Lorosa'e 4

Me entrego a junho Sem saudades de maio Com esperanças em julho Sem medo de agosto Sem rastros de um março vazio. E de um abril de tempo fechado. Imaginando fincar meus dentes em ti amor, quando setembro chegar. E em outubro respirar fundo, Vendo novembro acordar para mim e dezembro abrir as portas de um novo ciclo. Sonhando janeiro entrando pela janela, Fevereiro feliz e carnavalizado. Um novo março e uma nova festa. Abrem-se as portas de abril e já me vejo maio adentro Planos e mais planos, Brinco com o tempo Para que ele não me consuma. Brinco para que as mágoas se chateiem E me abandonem... Me deixem olhando apenas para ti. Feliz. Esperançoso. Inteiro.

Desligados...(um microconto escrito um tanto desligadamente)

Formavam um casal de “desligados”...os amigos colecionavam as várias histórias protagonizadas por cada um deles em que sempre havia um esquecimento, um combinado não cumprido, um atraso num compromisso agendado, inevitáveis esquecimentos de endereços de entes queridos, sempre se perdiam à procura da casa de alguém...sempre trocavam nomes de pessoas conhecidas...enfim...eram feitos um para o outro porque eram muito parecidos...Assim, não foi surpresa quando resolveram se casar. Mas, diziam a todos, não teriam filhos tão cedo. Queriam aproveitar a vida. Viajar. Conhecer lugares exóticos...Antes de um ano de casados anunciaram que em breve seriam pai e mãe. Os amigos não entenderam. Por que haviam mudado de idéia? Não. Não foi nada disso...Numa noite escura – quando o último preservativo dormia cansado num canto do quarto - no afã de manterem-se ligados na ideia contraceptiva, resolveram fazer sexo anal...confundiram onde exatamente estavam brincando e...Bem...ainda hoje não entendem como

Politização do judiciário?

Dando continuidade às últimas postagens onde tento refletir sobre os impasses jurídicos e administrativos que impedem determinados projetos do Governo em se efetivar, posto aqui uma mensagem que circula entre algumas caixas postais eletrônicas nos oferece uma boa pista para entender o movimento de paralisação de algumas ações do Governo Lula. Eu, como tantos outros colegas de universidades, coordeno projetos cujos recursos têm origem no governo federal e nos vemos impedidos de dar prosseguimento às atividades em face da emergência unilateral e impositiva de pareceres jurídicos, Acórdãos e tantas outras regras que adquirem força de lei e arbitram nossas ações. Não fomos consultados. Não perguntaram (ou não quiseram perguntar) como isso afetaria o andamento das atividades. Qual o impacto dessa paralisia junto às populações diretamente envolvidas com os projetos já em andamento. Não sou contra as ações e normas de moralização da gestão de recursos públicos, mas sob o manto dessas ações es

Ainda sobre o quebra-cabeça da paralisia do PRONERA: a peça chamada Gilmar Mendes

Imagem
Posto aqui a entrevista do jurista Dalmo Dallari sobre as posições (assumidamente políticas) do Ministro Gilmar Mendes. A entrevista foi publicada pela Revista Fórum (não deixem de sempre fazerem uma visitinha lá: www.revistaforum.com.br). O teor das opiniões emitidas pelo reconhecido jurista apenas reforçam o que está por trás (ou pela frente) das decisões do Poderoso Chefão da nossa justiça. "O ministro Gilmar Mendes tem se comportado como político", afirma jurista Por Camila Souza Ramos [Quinta-Feira, 7 de Maio de 2009 às 13:37hs] Ontem, 6, um conjunto de manifestações simultâneas em três capitais brasileiras pediu a saída do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de seu cargo. Em Brasília, o ato chegou a reunir cerca de quinhentas pessoas, que acenderam cinco mil velas e caminharam da Praça dos Três Poderes até o prédio do STF. Esta é a primeira vez na história brasileira que ocorre uma mobilização significativa nas ruas protestando contra um membro do P

Há política por trás da paralisia do PRONERA?

Imagem
O nosso curso Pedagogia da Terra da UFRN encontra-se atualmente numa crise de imobilidade devido ao não repasse de recursos por parte do INCRA, igualmente paralisado (e prisioneiro) do entendimento de determinados setores internos que insistem em recusar que estudantes e professores que atuam no projeto possam receber algum tipo de auxílio financeiro pela participação nesse projeto. Os alunos não tiveram aula em Janeiro (quando deveria ter tido início o semestre 2009.1), muito menos foram realizadas as atividades nos assentamentos durante os meses seguintes, e as atividades que dariam início ao semestre 2009.2 (previsto para julho) estão ameaçadas em face da paralisia imposta pelo impasse. Por um lado, há um acórdão do TCU que proíbe as Fundações (como a nossa FUNPEC aqui na UFRN) repassarem recursos aos professores e estudantes na forma de bolsas de ensino ou extensão ou pesquisa, contradizendo e reduzindo a pó os planos de trabalho aprovados há dois anos nos termos dos convênios as