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EJA: por uma política educacional visível aos invisíveis

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Assim como meu amigo Alexsandro Galeno, professor do Instituto Humanitas, da UFRN, tenho minha casca auricular acostumada à audição de sentenças proferidas por políticos e militantes amigos ou adversários, entre destros e canhotos - que diminuem o valor e o alcance do pensamento filosófico ou sociológico, pela sua suposta inaplicabilidade ante a dinâmica frenética da gestão pública estatal ou os embates das estruturas políticas e burocráticas (mesmo que essa inaplicabilidade seja vista apenas pelos olhos borrados de pragmatismo desses mesmos críticos). Esse artigo é uma tentativa de exercitar o contrário, a partir do recorte de uma questão que percorre minha trajetória pessoal e profissional: a luta pela visibilidade da EJA na agenda das políticas educacionais. Recomenda-se sua leitura enquanto se escuta "Invisível", da banda Baiana System. ( https://www.youtube.com/watch?v=2PrQwMFGMUc ) No meu agir sobre o mundo, parto, reflito e me nutro de referências de leitura sobre ele.

Para ouvir Nelson Cavaquinho, depois de amanhã

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Enquanto escrevo essas linhas, escuto “Juízo Final”, de Nelson Cavaquinho.  Não sou analista político. Este não é meu ofício. Faço prognósticos sobre o futuro com o mesmo rigor de qualquer torcedor antes de seu time iniciar uma partida de futebol. Às vezes, acerto e me orgulho. Às vezes erro fragorosamente e tento ajustar a mira. Mas, o aprendizado em minha militância política (mais efetiva nos tempos difíceis em que defender o PT numa disputa eleitoral era algo, no mínimo, exótico), com gente, vivências e leituras, alimentam minha intuição.  Tudo o que escrevo a seguir é produto disso, neste momento em que muitas pesquisas apontam a vitória da candidatura de Lula à presidência, em meio a um processo turbulento em que até a realização das eleições foi posta em dúvida. Do ponto de vista da lógica do título deste escrito, este é o nosso “hoje”. O “ontem”, aos meus olhos com alguma perda de visão, amanheceu com a emergência explosiva, vigorosa e organizada, de um fascismo que era latente,

Mensagem aberta ao maestro André e à Filarmônica da UFRN

Boa noite meu querido Maestro e músicos da Filarmônica da UFRN. Recebi e compartilhei a postagem maravilhosa da Filarmônica ("Delírios da Pandemia - The Fool on The Hill).  Pela primeira vez, nesse período da pandemia, me emocionei até os olhos vomitarem lágrimas. Um misto de tristeza e alegria. De resignação e esperança. De deleite e lamúria.  Tristeza de quem não pode assistir ao vivo algo tão bonito, tão forte, tão intenso (inclusive a abertura com a leitura do poema do Tiago Xavier, pelo Cesar Ferrario e a presença radiante do Mad Dogs)  Indignação de ser obrigado a ficar em casa vendo tanta coisa linda em condições que limitam a troca de energia sempre tão fundamental entre o artista que toca e a platéia que assiste e que é cortada pela tela do computador ou do celular.  A resignação por estarmos nessa condição dói, incomoda e traz outra indignação, mais política, de como (ou até quando) deixa(re)mos que essa forma capitalista e desumana de nos relacionarmos com a natureza no

De escolas, shoppings centers, e o que (não) aprendemos em tempos de pandemia

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O Sr. Alexandre Soares Gomes, presidente da seção potiguar da UNDIME (articulação institucional que reúne secretários municipais de educação) e secretário municipal de educação de Monte Alegre, usou das redes sociais para lamentar que ao contrário dos shoppings centers, a escolas estavam obrigadas a se manterem fechadas. Para ele, isso seria uma prova cabal da pouca valorização da educação no contexto das decisões sobre a retomada do funcionamento das atividades sociais.  O Presidente da UNDIME (em resposta a comentários de uma das pessoas que acompanharam sua postagem), observa duas realidades que se impõem no sentido do retorno das atividades escolares presenciais: (a) o desemprego na área da educação (certamente referindo-se ao conjunto de profissionais não concursados que as prefeituras contratam para garantirem a oferta dos serviços); e (b) as providências que os gestores (e suas equipes) estão fazendo para dotar as escolas de condições sanitárias adequadas à circulação das p

O que a pandemia interpela aos professores?

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A grande maioria dos professores que conheço estão vivenciando a experiência da pandemia do coronavírus mobilizados nas atividades à distância que, em alguma medida, têm que desenvolver. Vivenciam um momento de reorganização de tempos, espaços, procedimentos e relações, cuja origem tem nome, mas é invisível: o COVID-19. Como educadores, a imersão nessa nova rotinização da vida de cada um pode nos conduzir a pensar, tão somente, nas novas alternativas didático-pedagógicas funcionais à condição inevitável da distância entre nós e os educandos. E, nesse sentido, estaríamos, quando muito, mitigando os efeitos desse distanciamento, possibilitando, nem mais, nem menos, que o cumprimento do que estava estabelecido anteriormente à irrupção da pandemia. Compreender em que contexto tudo isso está se dando e os aprendizados que podemos extrair desse momento deveria ser não apenas um tarefa para consumo próprio e individual, mas fonte para nossa ação, concreta e imediata, seja agora ou pós-pan

Dias de "confusão" na educação de Natal

"Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". (Mateus 6:24) Eu não sei se o Prefeito Álvaro Dias é cristão. Eu não sou, mas essa passagem bíblica (como tantas outras) traduz um ensinamento útil para qualquer um, independentemente de crença, porque nos apresenta um imperativo ético: não há como se dedicar a polos antagônicos impunemente. E aqui não cabe confundir “antagonismo” com “diferença”, pois nem toda diferença implica antagonismo, embora todo antagonismo envolva posições substancialmente distintas. Também não sou físico ou químico, mas aprendi que qualquer ação que pretenda misturar óleo e água, em condições normais de temperatura e pressão, ou é fruto de um autoengano ou falácia. No primeiro caso, podemos debitar na conta da falta de estudo sobre o assunto. No segundo, uma clara tentativa de ludibriar a boa fé dos outros. Falta de estudo e

Epistemologias...

(extrato de um tratado epistemológico encontrado nas ruínas da universaidade de Alexandria...e divulgado anonimamemte, séculos depois, na internet profunda...) DOUTORADO O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, (Linneu, 1758) isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e restas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzido nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera(Linneu, 1758). No entanto, é possível compro