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Mostrando postagens de agosto, 2008

VENTOS E EXÍLIOS ELÍSIOS

O vento já não corria em minha volta... Já fazia tempo... E eu, cego, negava isso. Havia desespero no negar. Inconsciente...que me tornava minúsculo... A negação de mim...um exílio. Na verdade, nem ele percebeu que já não estava ao meu redor. Foi se desencaminhando... Levando consigo desejos, dores, arroubos, entregas e lembranças... Nesse desembestar-se, por vezes, soprou-se em outros cabelos, Em outras paragens, para ti, para alhures... Quando fui percebê-lo já não estava por perto, já não alisava meus cabelos, já não refrescava meu calor, apenas era brisa calma, tranquila... seu furor dedicava-se a outras praias. Ele havia se exilado de mim. E eu exilei-me de mim também. Me deixei transformar-se em coisa... Me vi bolsa pendurada em mesas de bar, Banco de carro dormindo em estacionamentos, Travesseiro acolhedor de sonos profundos. Um dia escorreguei da mesa, acordei... Aos poucos fui me dando conta: Exilado de mim, sequer conseguia sentir quando aquele vento soprava de novo em minha

Aluno cotista tem desempenho semelhante ao de não cotista

Notícia recentemente publicada dá uma dimensão dos primeiros efeitos da política de cotas adotada pela UnB. São dados interessantes, que nos ajudam a pensar mais nessa forma de inserção das questões da discriminação racial na agenda pública. A notícia foi publicada no noticiário "Em questão", do Portal do Governo Brasileiro ( http://www.brasil.gov.br/noticias/em_questao/.questao/eq691a/ ) "Relatório da Assessoria de Diversidade e Apoio aos Cotistas (Adac), da Universidade de Brasília (UnB), mostra que o desempenho acadêmico dos estudantes da instituição que entraram pelo sistema de cotas para negros é semelhante ao do sistema universal. A média dos cotistas é de 2,1 para as notas, em uma escala de 0 a 5. O número de trancamentos é de 0,3 e reprovações são duas por período. A nota média dos não-cotistas é de 2,3. Eles trancam em média uma disciplina ao longo do curso e 3,5 são reprovados por período. Deve-se considerar que o número de estudantes universalistas é muito mai

Cordel: quando Zé da Luz tornou-se celebridade cultural

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O Cordel do Fogo Encantado aportou pela cidade do Sol sábado passado e fez seu espetáculo. Mais uma vez mostrou sua "verdade" no palco com força e a total cumplicidade da platéia. Não gostaria de comentar o espetáculo em si simplesmente porque já os vi quatro vezes. A ótima impressão da primeira vez acaba por condicionar os olhares seguintes e, no final das contas, não é objetivo desta nota dizer se eles são bons ou não. Basta apenas constatar que mesmo sem freqüentarem emissoras de rádio e TV eles já têm um público fiel capaz de lotar qualquer espaço que caiba mais de 2 mil pessoas. Vi isso em João Pessoa e Brasília. O que gostaria de comentar mesmo (e é essa a razão do título da nota) é a capacidade que esses meninos tiveram de transformar Zé da Luz (paraibano que morreu no Rio de Janeiro trabalhando como sapateiro, tendo alcançado apenas a 4a. série primária) numa celebridade. Em todos os espetáculos do Cordel, é impossível que eles não cantem "Chover" (uma ode à

A morte e a vida em Dorival Caymmi

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A morte de Dorival Caymmi será lembrada por muitos, por muito tempo. Sua contribuição à música popular brasileira será sempre enaltecida. Minha formação musical, forjada nos sertões urbanos de Caicó, não incorporou a sua obra. Nasci e cresci sem conhecer Dorival senão pelas meteóricas aparições suas em programas de televisão, seja como entrevistado, seja como objeto de homenagens. Assim, não tenho como falar de suas qualidades musicais ou tecer comentários qualificados sobre sua obra. Minha referência dele se relaciona a um comentário singelo feito por ele numa entrevista quando foi perguntado sobre qual seria sua maior alegria como músico e ele, simplesmente, disse que ficaria realizado se suas músicas perdurassem cantadas na boca do povo como domínio público, reproduzidas geração a geração sem que ninguém soubesse a origem e a autoria. Fiquei encantado e emocionado com a aparentemente inusitada resposta porque ela sintetizava sua perspectiva do jogo da vida e da morte da obra humana.

Fechando a semana com poesia...para que ela abra minha porta na próxima...

Na tentativa de manter esse espaço atualizado e, ao mesmo tempo, me desnudando aos poucos (até onde é possível, claro!), posto para quem aqui aportar, mais um pedaço de minhas investidas poéticas errantes, minhas tentativas de homicídio poético. Como já disse antes. Peço que dêem um "desconto"... A minha vida é como aquelas rimas pobres, Necessitadas de versos precisos. Acordam ansiosas e trôpegas, Inalando o desejo de felicidade, Rastejando na busca de seu amor tranqüilo. Introduzo-me, assim, na sua poesia, Sonhando ser rima feliz, delícia em palavra (e ato!). Esperança, temores, erros e acertos, Sobressaem-se nos seus capítulos, Tropeçam uns nos outros, Operando alegrias e choros, Umedecendo os meus cílios Com cantigas de dor e (também) piadas ingênuas. Obras de um quixote, um cavaleiro das trevas, Miseravelmente abatido pelas suas escolhas insanas. Sai por aí, então, esta vida, Aberta ao inconcluso e prisioneira das conclusões alheias. Untada nas lágrimas que chovem ao seu

De volta...e escrevendo sobre um assunto que há muito tempo não me motiva: economia e política.

Olá amigos e amigas...depois de um longo e tenebroso inverno de silêncios motivados pela intensificação do trabalho, tentarei manter-me atualizando este espaço. Por hoje, gostaria de comentar recentes notícias da seara econômica. O IPEA divulga dados muito alvissareiros para quem se acostumou com más notícias no tocante aos níveis de pobreza no Brasil. Dados que não podemos simplesmente ignorar. Em 06 anos o número de pobres (na pesquisa do IPEA aqueles que têm ganham menos de R$ 207,50 mensais) caiu em torno de 20% nas regiões metropolitanas. Se considerarmos os chamados indigentes (os que têm uma renda equivalente a 1/4 do salário mínimo), a queda é mais acentuada: 43%. Ao mesmo tempo, o IBGE nos informa que a taxa de desemprego calculada em 2007 foi de 9,3%, a menor desde 2002. Apesar dos analistas econômicos (inclusive o Sardemberg, do Jornal da Globo) afirmar que isso é obra de mais investimentos privados na economia e menos das políticas de redistribuição de renda do Governo Lula