Maria Mortalha
Pensando no encontro de Dona Raimunda com a morte, lembrei-me de uma poesia maravilhosa denominada “Maria Mortalha”, de autoria da poetisa Maria da Graça Almeida, enviada a mim pelo grande amigo e poeta Gilmar Leite. Lá vai: "Cedo, deitou-se Maria, pronta pra logo morrer, vestindo a alva mortalha, sem medo de adormecer. Os olhos tanto mais fundos, coroados por olheiras, cerravam-se moribundos, nessa hora derradeira. Implorando-lhe ajuda, veio um moleque qualquer: - Vó, apanha uma agulha, me tira o bicho do pé! Servil, levanta a Maria, desvestindo a alva mortalha e já mais morta que viva, do pé, o bicho estraçalha. Volta, esvaída, Maria para o bom leito de morte, quando lhe chega a nora , chorando a fome e a sorte. Maria, do quarto, dormente, sai e aquece o fogão, serve-lhe o leite fervente e duros nacos de pão. Com a fome, então, saciada e o corpo fortalecido, parte a jovem senhora com olhos agradecidos. Maria, assim, novamente, põe-se no leito de palha, julgando que, certament