Cultura não é-vento ou como se fazer "política" cultural, por Rodrigo Bico

"Hoje vamos aprender como se faz uma grande atividade cultural para o seu estado. É uma receita de (in)sucesso inspirada na política do “Pão e Circo”.

1º Crie uma Secretaria Extraordinário (ou invisível) de Cultura e com isso burle a lei do Nepotismo.

2º Faça de conta que receberás todos os setores artísticos e/ou culturais do Estado, escute tudo que eles querem lhe dizer, não faça nada do que eles solicitaram. Após esta ação você vai ter um boicote “velado” a todas as suas ações.

3º Saia dizendo aos 4 (quatro) cantos que a Sociedade Civil não participa das suas ações e com isso vá fazendo o que você quer com a “pseudo-verba” que lhe é disponível no seu (Pro)Fundo Estadual de Cultura, assim ninguém cobrará nada de você (engano seu).

4º Utilize-se da alcunha do Cargo que ocupas e saia impondo de cima para baixo que todas as ações de toda e qualquer instituição pública, privada e de qualquer outra natureza (Secretarias de Estado, Sistema “S”, Universidades, projetos da lei Câmara Cascudo e quem mais se enquadrar) e coloque tudo num só encarte de programação e não pague nada por isso.

5º Deixe pra fazer tudo que você faria nos outros 11 (onze) meses do ano e faça num só mês. Ah! Aproveite e coloque o nome desse único mês como o nome do “É-vento”. E não invente de realizar qualquer tipo de ação fora desse mês, se não correrás o risco de desfocar às atenções do seu dia.

6º Pra garantir o (in)sucesso do “É-vento”, o retorno de mídia necessário e agradar a Xarias e Canguleiros (ou Gregos e Troianos) prepare para cada fim de semana 2 (dois) Grandes Shows Nacionais e com aberturas de Artistas da “Terra” com cachês mínimos. Caso não consigas viabilizar as apresentações nacionais, não invente de tentar fazer shows só com os Artistas da “Terra”, você estará caindo no erro de diminuir o tamanho do seu “É-vento”, principalmente se já estiveres feito isso no ano anterior.

7º Faça qualquer tipo de ação fora da capital do seu estado e diga que está descentralizando suas atividades. Detalhe importante: não se preocupe com a qualidade dessa ação, basta colocar no site e deixar pelo menos um banner com a marca do evento no local.

8º Caso escutes alguma reclamação e/ou provocação, utilize-se de respostas vazias e que não tem nada com o assunto reclamado, de preferência, se conheceres a pessoa, aproveite para atacá-la sem o direito da tréplica.

9º Para garantir o (in)sucesso final da sua gestão, faça como a última Prefeita da capital Potiguar: Feche equipamentos culturais, não dê nenhuma expectativa de reabri-los, tente fechar a Orquestra Sinfônica e não pague o Plano de Cargos e Salários de “reles” funcionários ligados à Cultura (afinal pra quem serve a Cultura?)e diga que é culpa da justiça ou, de preferência, da Gestão anterior. Não se esqueça de propagar que o problema da Gestão passada não é problema “seu” nem de “seu governo”.

10º Por fim, bote tudo num forno e espere acabar o mês para tirar férias na Europa, enquanto os míseros cachês (que dissestes que iria pagar e sem contratos) não são pagos.

Com estas dicas, espero que você se eternize em nosso imaginário popular como a principal Gestora da Cultura do RN que nos deu de presente a Falência da política de “É-ventos”.

Espero que funcione no seu Estado. Obrigado pela aula de hoje.

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