Fascismos nossos de cada dia...comentários sobre a "Patricinha Fascista"

Gostaria, aqui, de fazer meus comentários sobre o artigo do Juremir Machado, publicado em postagem anterior, sobre a recente "onda" de ódio, desencadeada, via twiter, por uma paulista (estudante de Direito!). A reação de vários setores sociais foi rápida e direta. E o autor do artigo resume bem no título do que se trata: "Patricinha Fascista". O texto já fala muito, mas o adjetivo "fascista" pode soar para alguns como um exagero pois fascismo (ou nazismo) seriam coisas da Europa pré-II Guerra Mundial, portanto, de um passado vencido pela própria guerra e pelas forças aliadas favoráveis à democracia...A essa ação da tal patricinha, podemos somar o ataque a (supostos) gays nas ruas de São Paulo; o ataque de garotos de classe média a uma prostituta (ano passado), e o às vezes esquecido ataque de morte ao índio Galdino, numa parada de ônibus em Brasília. Todos os casos, demonstração de barbarismo que não é pura violência porque traz o ingrediente do preconceito que justificaria a violência. E a violência nazi-fascista se estruturava, exatamente, assim.
Esses ataques provam que as estruturas mais profundas do que veio a se materializar no nazismo e no fascismo europeus podem aparecer em qualquer lugar e não necessariamente como obra de políticos "encastelados no poder" ou de pessoas cuja idade denunciariam uma saudade de tempos passados. Não. Os autores dos ataques são jovens, muitos dos quais, sequer gostam de estudar história. E, sim, estudaram história, porque fazem parte de uma classe média/alta que lhes garantiram ter uma trajetória escolar regular.
A bem da verdade, em minha atividade docente tenho notado que quando é possível e pertinente quaisquer referências ao fascismo e ao nazismo é comum que os alunos (acertadamente) os situem como manifestações ocorridas na Europa dos anos 20 e 30 do século passado, mas (equivocadamente) aprisionam essas manifestações nesses lugares temporais e geográficos. Algo semelhante ocorre quando nos voltamos a um contexto mais próximo, como o golpe militar brasileiro de 1964. E isso me deixa um tanto angustiado pois trata-se de um fenômeno de particular banalização do tempo: um fenômeno curioso em que numa época em que a tecnologia nos proporciona um acesso imediato e fácil dos registros históricos mais longíquos, o que vemos é uma espécie de "alargamento" dos tempos históricos. Assim, o Governo Collor, só para dar um exemplo "recente" (!!!!!????), para alguns estudantes universitários com os quais convivo, já faz parte de um passado cuja lembrança exige uma atenta consulta aos livros de história. Antes que me digam que eu é que não estou me dando conta de que estou envelhecendo (claro que percebo isso todos os dias ao brincar com meu neto...é meus amigos...já tenho um...rs), felizmente, alguns teóricos do calibre de um Walter Benjamim já indicavam a chamada "pobreza da experiência" causada por determinadas práticas culturais de nossa contemporaneidade.
E aí, começamos a perceber o quanto a nossa sociedade vai se enfiando num mar de "esquecimentos".E o esquecimento abre a porteira para a entrada de "velhas novidades". Assim, não podemos deixar passar em branco as manifestações de preconceito que nos chegam pela internet como se fossem coisas "sem importância". Elas revelam o crescimento das ervas daninhas da ignorância e da intolerância que, a depender do contexto (mais ou menos favorável), podem se converter em forças sociais. O recente caso da divulgação de mensagens pelo twiter com ofensas aos nordestinos pela suposta vitória de Dilma Roussef é emblemática disso: mistura desinformação, com preconceito e intolerância. E recebe entusiásticos apoios. São nesses subterrâneos da alma que nascem os semens de um tipo de intolerância que criou o nazismo e o fascismo.

Comentários

Não somente no twitter, mas em todasas redessociais há manifestações de ódio´, repúdio e intolerância e preconceitos a tudo que foge de um "padrão" estabelecido não sei por quem.Lendo um trecho de uma página Diga não ao voto obrigatório, vi uma postagem que quem votou em Dilma foram os pobre e porisso cada um tem um governo q merece.Me indignei tanto com o ocorrido que me expuz.Disse que sou pobre, votei na Dilma e tenho certeza que não sou burra porisso, aliás, falei tb que estudei a vida inteira em escola pública, das formações que consegui através desse estudo e ainda acrescentei...que se o Pt anda meio descaracterizado é pq pra chegar ao poder teve que se aliar com meia dúzia de burgueses que aproveitaram o bom momento do partido.Ai de mim, que sou pobre,afrodescendente(meu avô é negro),mulher,votei na Dilma,sou nordestina e por ai vai...bjos

Postagens mais visitadas deste blog

Briga na Procissão, de Chico Pedrosa

O nascimento de Peri

O Evangelho segundo o TACEJA