Para quem pensa que o mundo não muda...

Não sei vocês meus queridos leitores, mas eu fiquei bastante feliz em ver o Lulão ser recebido pelo Obama na Casa Branca. Não, não é por causa de meu passado vermelho, nem porque eu votei em Lula (desde 1989) que emerge essa felicidade. Apenas que ao vê-los fiquei pensando o quanto meus avós achariam improvável tal cena: um presidente americano negro apertando a mão de um presidente brasileiro de extração popular. Quantos jornalistas ficaram com uma coceirinha nos fundilhos...rs...Quantos se esquivaram de comentar o simbolismo desse encontro, apenas realçando a sua importância no que tange a crise que assola todos.
Uma cena improvável de ocupar os textos de quaisquer futurólogos. Uma cena que simboliza um deslocamento importante nas forças sociais e políticas dos dois países. Não adianta discutirmos as concepções políticas neo isso, pré-aquilo ou pós-aquilooutro que eles eventualmente seja representantes...Nem um seminário de uma semana faria com que chegássemos a alguma conclusão. Trata-se, simplesmente, de duas trajetórias que se firmaram contra o "movimento natural das coisas e do mundo". Como Bandeira que dizia "não ser as coisas" e por isso se revoltava, a trajetória de cada um dos presidentes foi feita de pequenas revoltas cotidianas(por vezes mais simbólicas que visíveis...por vezes o contrário) casadas a grandes processos sociais, políticos e culturais que os escaparam, os ultrapassaram ou mesmo os encaixaram como personagens.
É bom estar vivo e ver isso. E perceber que o mundo muda mesmo. Não na velocidade que nossas generosas ansiedades desejam. Não no sentido que nossas mentes calejadas de respostas prontas apontam. Não da forma como nossas receitas indicam. O mundo muda apenas...
Isso me deixa feliz mas não me deixa conformado...Como já disse alguém em algum lugar (e peço aos amigos mais atentos a autorias e frases me ajudarem), primeiro é preciso mudar o mundo, depois é preciso mudar o mundo mudado...É isso aí. Boa semana a todos e todas.