Feliz Dia do Rock

Hoje é dia do rock. Sou o que sou, em parte, por causa da existência desse gênero, porque ele não é só algo que entra nos ouvidos para fazer o corpo se balançar, para preencher o ambiente ou ficar guardado na memória. O rock tem o poder mágico de entrar na alma e fazer emergir indignação. Em mim ajudou a forjar meu comportamento.
Tenho algumas lembranças marcantes de como o rock entrou na minha vida e deixou marcas.
Aos 12 anos, tomando conhecimento da morte do John Lennon, fui à cata dos álbuns daquela banda que eu só conhecia das versões jovemguardianas que a Rádio Rural tocava e me deliciei com Help!. A partir dali, conhecer toda a obra dos Beatles virou quase uma obsessão.
Aos 14 anos, assistindo o Fantástico, vi o clip da Blitz e vi que era possível fazer música com jeito de história em quadrinhos e comecei a saber que se fazia rock no Brasil. Os Paralamas do Sucesso e a sua pegada meio reggae, meio ska, meio The Police (que conheci anos depois e fiz a imediata associação ao som do trio brasileiro).
Naquela época, meu amigo e irmão Yale Clecino Martins, me permitia frequentar a discoteca dele (e que discoteca!) e me apresentou um disco do Pink Floyd, "The Animals", que mudou minha forma de apreciar música (eu me perguntava, entre feliz e desconcertado: e é "permitido" se colocar cachorros latindo em música? E pode se fazer discos com músicas que tomam o lado inteiro do LP?). Todos os demais do Pink Floyd vieram como desdobramento óbvio. A maior parte de minha sensibilidade musical foi ativada por esse amigo (e ele nem imagina que tem essa importância toda) que me mostrou. Led Zeppelin e Janis Joplin (aqui, também, Yale foi fundamental) foram os responsáveis por me fazerem me apaixonar pelo Blues.
Por essa época, alguém me empresta o álbum "Made In Europe", do Deep Purple, e eu fico alucinado com os solos de bateria de Ian Paice e de guitarra do Richie Blackmore. Também me chega às mãos o álbum "Defenders of the Faith", do Judas Priest (em fita cassete original), que me faz saber da existência do Heavy Metal, abrindo meus tímpanos para o posterior contato com a banda que nessa sonoridade continua imbatível: o Iron Maiden.
Em Caicó, nessa época, a trilha sonora de minha adolescência, tem, ainda, a presença marcante da banda alemã Scorpions, com a sonoridade dos ensaios que eu assistia do Circuito Musical (à época uma banda de baile que tocava de tudo e, principalmente, muito rock, com o carismo do vocalista Joãozinho, mas depois degenerou para o forrócomagrotóxico).
Já em Natal, levo uma patada dos Titãs com "Cabeça Dinossauro" (para mim, álbum para estar na história do rock mundial e não apenas brasileiro), me fazendo mudar totalmente de ideia quanto à qualidade dos caras (principalmente porque o trabalho anterior dos caras eu achava bem maisoumenos mesmo). A linha hardcore dos Titãs, nesse álbum, me possibilitam abrir-se para o Punk Rock, o qual me é apresentado pelo meu querido Sopa D'Osso (por onde andas?).
Com o parceiro de bar (não de beber, mas de trabalhar como garçom), o gaúcho Nilo Amaro, ouço e piro com o álbum Relayer, do Yes, ouvindo trechos onde o rock e o jazz se misturam, me fazendo buscar no jazz e na música instrumental horizontes radicais do fazer musical.
Por essa época, em um livro de poesias de Vicente Vitoriano (me emprestado pelo Gato Lúdico Jaime Lúcio) encontro uma que me impele a compor um heavy metal, mostrado a Artemilson Lima, quando ficavámos durante algumas horas trocando informações musicais, cada um com um violão à mão, nos "amplos" apartamentos da Residência Universitária.
Com a maturidade, os conceitos se tornam mais rigorosos e um belo dia, nas idas e vindas Natal - Caicó, para dar aulas e na loucura do mestrado, ouço falar de um tal Chico Science. Compro o CD e piro pela segunda vez. O cara fazia aquilo que um dia me veio à cabeça quando ainda tinha pique e tempo para compor: misturar rock com as expressões da cultura popular (no meu caso, uma vontade de pegar a batida dos Negros do Rosário de Caicó e enfiar guitarras distorcidas no meio). O trabalho dele e do Nação Zumbi continua sendo para mim o que há de mais revolucionário no rock brasileiro depois dos Mutantes.
Por fim, meu filho querido Cainã Azevêdo, aparece na minha vida e se revela como um sensível apreciador musical e, propositalmente ou não, me mostra outra pedrada, o System Of Down...
Com a internet, meu espírito aventureiro e curioso pode descobrir maravilhas brasileiras e internacionais que poderão ou não entrar na história do rock, mas já estão na minha, mas o espaço não vai dar para citar todas...Beijos a todxs e feliz dia do Rock.

Aqui, vídeo de ensaio realizado pelo Pink Floyd nas ruínas do forte português no Penedo, em Caicó, meses antes do show nas ruínas de Pompéia. Um vídeo raríssimo encontrado nos armários do Centro Cultural Virtual Cine Rio Branco
https://www.izlesene.com/video/pink-floyd-live-at-pompeii-directors-cut-full-length-720p-hd/6774917

Comentários

Joana disse…
Excelente gosto musical. Parabéns!
Anônimo disse…
Excelente gosto musical. Parabéns!
Anônimo disse…
Excelente gosto musical. Parabéns!

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