ANTES DE 2014 EXISTE 2013 E PARTE DELE FOI MONTADO EM 2012.


Olá pessoal. Minha primeira postagem de minha lavra em 2013 tem conteúdo político, sobre o que converso muito com meus amigos Alex e Bosco e escrevo pouco.


O deputado Mineiro publicou, recentemente, um artigo sobre o processo polítco com vistas às eleições de 2014 e o intitulou de “Antes de 2014”. No escrito, o deputado afirma que para que se tenha um bloco político capaz de derrotar as forças que deverão se reunir em torno da manutenção da governadora Rosalba, será necessário reunir as forças aliadas do PT em torno de um projeto político-administrativo que deverá ser maturado ao longo de 2013.
De fato, 2013 é estratégico, e a conclusão do deputado (reunir as forças e estudar os mais graves problemas do Estado a fim de se gestar o tal projeto político-administrativo) é um tanto óbvia. Por isso, penso que devemos problematizar o que será 2013. Sobre isso, é forçoso que já comecemos a refletir a partir das posições que o próprio PT de Natal apresentou em público de não participação no governo Carlos Eduardo e, consequentemente, de ameaça de expulsão dos militantes que integrassem o novo governo da capital.
Longe de ser um posicionamento que se prende a uma questão de “disciplina partidária”, penso que a questão envolve, sim, como o partido pensa 2014 e seus aliados, com os quais trilhará a construção – neste ano de 2013 – do tal bloco contra os DEMOS e afins.
Para os natalenses, 2013 será um ano difícil, mas, diferentemente dos anos anteriores, à palavra “difícil” podemos acrescentar a palavra “esperança”. 2013 será um ano cuja travessia será carregada, também, de esperanças de que possamos iniciar o “resgate” da cidade.
As eleições do ano passado estava pautada por esse desafio: “resgataríamos” a cidade do caos instalado ou a entregaríamos às forças políticas que misturaram incompetência e descaso numa escala poucas vezes vista em nossa história.
Eu votei em Fernando Mineiro. Aliás, sempre votei nele para todos os cargos a que concorreu, porque é um político honesto, competente e comprometido em dialogar com os diversos movimentos sociais locais. Sua candidatura representou o sopro de mudanças e ousadia que a cidade precisa e que nenhuma outra candidatura representava.
Mesmo a candidatura de Carlos Eduardo Alves, com todo o capital político que carregava – a partir de sua gestão anterior cuja avaliação geral é positiva (os embates que travou contra a máfia branca dos médicos e contra a máfia dos empresários da construção civil são exemplos de uma postura correta de um gestor público) – ainda trazia consigo o “cheiro” de um retorno à gestão anterior. Basta vermos que a equipe anunciada para iniciar seu novo mandato tem quase os mesmos rostos de sua gestão anterior. Se, por um lado, é a expressão de que ele trabalhará com pessoas de sua inteira confiança e que conhecem a máquina administrativa por dentro, por outro lado, fica a sensação, também, de que se está dando as mesmas respostas para novos desafios.
Em todo o caso, o sopro de mudanças e ousadia que a candidatura Mineiro representava reuniu pouco mais de 20% do eleitorado e quase ultrapassou a candidatura xôxa e sem graça de Hermano Morais, o que faria com que os natalenses tivessem a oportunidade de ter um debate eleitoral no segundo turno do mais alto nível.
A diferença de votos que fez com que Mineiro não fosse ao segundo turno foi de pouco mais de 1.500 votos, fazendo com que fiquemos a pensar como é possível que isso tenha acontecido na cidade que é a principal base eleitoral da vice-presidente nacional do PT e deputada federal mais votada do Estado. Difícil aceitar que o resultado fosse o mesmo, caso o comando nacional do partido (do qual ela faz parte) tivesse apostado na candidatura de Mineiro e tivéssemos, por exemplo, a presença real de Lula ou Dilma na campanha em Natal. Nesse sentido, a conduta do candidato Mineiro, mesmo depois de computados os votos, foi a de um exemplar e disciplinado militante partidário: não questionou nem pôs essas questões para o debate público.
O apoio dado à candidatura de Carlos Eduardo no segundo turno foi uma decisão acertada e, do ponto de vista dos cenários futuros da política local, estratégica, pois, em 2014, pelo andar desastrado da carruagem rosalbista, a pauta política poderá estar em torno do “resgate” do Estado. Mas, constatada a vitória de Carlos Eduardo, a direção municipal do PT deu um passo atrás ao anunciar seu “não apoio” à gestão do novo prefeito e, mais ainda, ameaçar de expulsão os militantes petistas que integrassem o novo governo municipal.
Ao declarar não participar do novo governo (e ameaçar expulsar os militantes do partido que eventualmente aceitassem integra-lo), a direção municipal do partido abriu mão de intervir no processo de superação do estado caótico em que se encontra a cidade. O argumento de que “discutirá os problemas da cidade” fora do Executivo revela uma personalidade política dúbia, sem coragem para enfrentar desafios, o que, definitivamente, não é a cara do PT, muito menos do seu candidato à prefeito, o Deputado Mineiro.
A decisão do PT municipal afasta o partido da rotina e de um espaço importante de decisões acerca dos rumos da cidade, num momento em que paira o sentimento de que a cidade precisa ser “resgatada” e isso não é uma tarefa que se faça sem a união de todos que com ela se preocupam de verdade. E coloca o partido fora de uma instância (a prefeitura) cujas ações reais poderiam efetivar um acúmulo político e uma dinâmica importantes para o PT (e as forças que deverão se lançar contra o bloco em torno de Rosalba) se apresentarem como portadores de um projeto político-administrativo distinto do que está no governo do Estado. E isso não como um discurso generoso e com tinturas de promessa, mas como expressão do exercício real de resgate da capital do Estado. Ao se recusar participar disso, o PT deixa, de alguma forma, que esse protagonismo fique nas mãos do PSB (de Wilma de Faria) e do PDT (de Carlos Eduardo). E caso eles tenham êxito nesse processo, ganharão um capital político fundamental para darem as cartas do jogo que montará a chapa concorrente para a disputa do Governo do Estado em 2014.
Nessa perspectiva, 2013 não parece ter sido “pensado” quando o PT de Natal decidiu não participar do governo Carlos Eduardo e, portanto, começa, igualmente “difícil” para os petistas da capital do Estado.

Comentários

Ana Pimenta disse…
"(...) pelo andar desastrado da carruagem rosalbista, a pauta política poderá estar em torno do 'resgate' do Estado."

Parabéns, li o texto e, realmente, sua percepção a respeito do desgoverno de Rosalba foi brilhante. Sem dúvida, o momento suscita um 'resgate' urgente.

Sou mossoroense, mas NUNCA comunguei, compactuei com esse tipo de politicagem praticada por esses grupinhos que se articulam em detrimento do povo... Povo que sofre com o descaso desses governos e que, por pura ingenuidade, carência ou comodismo, passa a ser marionetes, um brinquedinho que eles usam ao seu bel-prazer... Vergonhoso, mas é a verdade. Bravo, Fessô, adorei...
GERALDO PINTO disse…
Faço minhas suas palavras e adiciono. O PT do RN tem uma estratégia implícita que precisa se explicitar. Enquanto FÁTIMA trabalha para ser senadora numa chapa com ROBSON - governador, PMDB vice, FÀTIMA- senadora e MINEIRO - Federal ao lado de VILMA, JOÂO MAIA, FÁBIO FARIA, SANDRA E HENRIQUE, com chapa própria para estadual. MINEIRO se omite, por razões óbvias. Transparência companheiros! até posso apoiar,pois como diz o poeta:
"Tudo vale a pena se a alma não é pequena.!
GERALDO PINTO disse…
Lúcido, conciso e preciso. Parabéns pelo ótimo artigo companheiro Sandro. A pergunta que quer resposta é: a quem interessa tal postura do PT???
GERALDO PINTO disse…
Lúcido, conciso e preciso.Parabéns Companheiro Sandro. A pergunta que quer resposta é: a quem interessa tal postura do PT?
Sandro Abayomi disse…
Obrigado Geraldão pelos elogiosos comentários. Concordo contigo que há uma estratégia "implícita", ditada por "intuições" que se estruturam muito mais na "pequeneza" do PT local do que na vontade de se tornar "grande".

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