Castelo de Engady: cenas do próximo capítulo
Quem entra na internet e digitar "Castelo de Engady", encontrará algumas páginas que falam de um castelo que não existe mais. Numa delas, encontramos uma descrição segundo a qual ele está "assentado sobre um rochedo tendo sua estrutura composta de pátios, terraços, peitoris, balcões, guaritas, torres, pontes, escadas, batentes, poços, tanques, fortificações, ameias, salas, dormitórios, capela, dependências de serviços domésticos, vigias, muralhas e portões.
O mobiliário foi adquirido nas fazendas, propriedades e sítios da região. As peças chegaram ali por meio de compra, troca ou oferta. Seu acervo é composto de velhas arcas, velhos armários, baús, bancos, oratórios, pilões, rústicas camas, cadeiras, tripeças e largadas peças de engenho, de casas de farinha e de vapores de algodão.
O castelo é decorado com quadros de representação clássica com emblemas, estandartes, espadas, lanças, carrancas, correntões, peças bíblicas e religiosas, objetos de boiadeiros e vestígios da vida bucólica.
A iluminação do castelo em noite festiva é feita de archotes, lampiões a querosene, castiçais à vela, lanternas, toscos candelabros e de algumas lâmpadas a gás". Infelizmente tudo isso é passado sombrio. E as outras sugestões de páginas que se referem ao castelo são blogs que denunciam seu abandono (como é o caso do blog da Gláucia).
Em razão disso, um promotor de justiça de Caicó, Carlos Henrique Rodrigues da Silva, instaurou inquérito civil, contra o Estado do Rio Grande do Norte, dado o abandono do Castelo de Engady (para quem não sabe, o Castelo foi adquirido pelo Governo do Estado, portanto é um bem público).
Em janeiro, antes do blog de Gláucia denunciar o abandono do Castelo, estive por lá (sempre visito alguns "lugares estratégicos" quando visito Caicó) e fiz algumas fotos (que reproduzo abaixo).
Em todo o caso, a denúncia do blog de Gláucia parece ter surtido efeito pois semana passada a Reitora da UFRN anunciou em reunião do CONSEPE que o Governo pretende doar o Castelo à UFRN (para ser incorporado ao patrimônico físico do CERES). Não sei se o Governo fez isso para se livrar do inquérito do tal promotor ou do próprio Castelo. O fato é que a bola, digo, o Castelo, agora ficará na responsabilidade do CERES/UFRN.
Sob o ponto de vista do CERES é um ganho, afinal a atual expansão da UFRN implica em novos e mais amplos espaços físicos (no caso do CERES há a necessidade de um espaço que abrigue, por exemplo, o Laboratório de Arqueologia).
A possibilidade de o Castelo deixar de ser "filho de goiamum" e tornar-se um bem cultural vivo, está posto nas mãos da comunidade universitária, mas qualquer projeto de gestão desse espaço que "esqueça" que ele é, antes de tudo, um bem da cidade, estará fadado ao fracasso.
O Castelo, há pouco mais de dez anos, era apenas uma construção exótica, construída por um padre visionário, fincado no meio do mato, um tanto distante do núcleo urbano da cidade, por isso tornou-se, durante muito tempo, local de oração e meditação.
O tempo foi passando e o crescimento da malha urbana da cidade criou em torno do Castelo, uma comunidade periférica. Ao mesmo tempo, as elites locais foram, cada vez mais, colocando as questões culturais na periferia de seus projetos de gestão e promoção da cidade. A confluência disso tudo foi o Castelo tornar-se um estorvo para os gestores públicos.
A minha tristeza é que é corriqueiro esse tipo de denúncia: já vimos o CEJA passar anos sem uma "demão" de cal que desse visibilidade à sua vistosa (e moderna) arquitetura; o Poço de Santana continua poluído e "diminuído" de sua importância histórica e cultural; alguns casarios do "centro histórico" vão sendo "reformados" aos poucos e sumindo de nossas vistas...e assim vão fazendo sumir também um pouco de nossa memória.
O desafio de dar vida outra vez ao Castelo implica, portanto, envolver os artistas e agentes culturais da cidade, a comunidade que vive no entorno do Castelo, de modo a que se crie uma rede de "cuidadores" do Castelo capaz de torna-lo o espaço cultural que de forma difusa se sonha toda as vezes que se entra ali.
Está mais do que na hora de os amantes da cidade se mobilizarem e impedirem essa destruição da memória e da cultura de nossa gente. Que seja bem vindo o CERES para essa empreitada, o que apenas o fortalece como espaço de ensino superior público federal, indo, assim, na bemvinda contramão das maluquices de algumas lideranças locais que andaram noticiando o desejo de se criar uma Universidade Federal do Seridó...mas isso é conversa para outro momento ou postagem.
O mobiliário foi adquirido nas fazendas, propriedades e sítios da região. As peças chegaram ali por meio de compra, troca ou oferta. Seu acervo é composto de velhas arcas, velhos armários, baús, bancos, oratórios, pilões, rústicas camas, cadeiras, tripeças e largadas peças de engenho, de casas de farinha e de vapores de algodão.
O castelo é decorado com quadros de representação clássica com emblemas, estandartes, espadas, lanças, carrancas, correntões, peças bíblicas e religiosas, objetos de boiadeiros e vestígios da vida bucólica.
A iluminação do castelo em noite festiva é feita de archotes, lampiões a querosene, castiçais à vela, lanternas, toscos candelabros e de algumas lâmpadas a gás". Infelizmente tudo isso é passado sombrio. E as outras sugestões de páginas que se referem ao castelo são blogs que denunciam seu abandono (como é o caso do blog da Gláucia).
Em razão disso, um promotor de justiça de Caicó, Carlos Henrique Rodrigues da Silva, instaurou inquérito civil, contra o Estado do Rio Grande do Norte, dado o abandono do Castelo de Engady (para quem não sabe, o Castelo foi adquirido pelo Governo do Estado, portanto é um bem público).
Em janeiro, antes do blog de Gláucia denunciar o abandono do Castelo, estive por lá (sempre visito alguns "lugares estratégicos" quando visito Caicó) e fiz algumas fotos (que reproduzo abaixo).
Em todo o caso, a denúncia do blog de Gláucia parece ter surtido efeito pois semana passada a Reitora da UFRN anunciou em reunião do CONSEPE que o Governo pretende doar o Castelo à UFRN (para ser incorporado ao patrimônico físico do CERES). Não sei se o Governo fez isso para se livrar do inquérito do tal promotor ou do próprio Castelo. O fato é que a bola, digo, o Castelo, agora ficará na responsabilidade do CERES/UFRN.
Sob o ponto de vista do CERES é um ganho, afinal a atual expansão da UFRN implica em novos e mais amplos espaços físicos (no caso do CERES há a necessidade de um espaço que abrigue, por exemplo, o Laboratório de Arqueologia).
A possibilidade de o Castelo deixar de ser "filho de goiamum" e tornar-se um bem cultural vivo, está posto nas mãos da comunidade universitária, mas qualquer projeto de gestão desse espaço que "esqueça" que ele é, antes de tudo, um bem da cidade, estará fadado ao fracasso.
O Castelo, há pouco mais de dez anos, era apenas uma construção exótica, construída por um padre visionário, fincado no meio do mato, um tanto distante do núcleo urbano da cidade, por isso tornou-se, durante muito tempo, local de oração e meditação.
O tempo foi passando e o crescimento da malha urbana da cidade criou em torno do Castelo, uma comunidade periférica. Ao mesmo tempo, as elites locais foram, cada vez mais, colocando as questões culturais na periferia de seus projetos de gestão e promoção da cidade. A confluência disso tudo foi o Castelo tornar-se um estorvo para os gestores públicos.
A minha tristeza é que é corriqueiro esse tipo de denúncia: já vimos o CEJA passar anos sem uma "demão" de cal que desse visibilidade à sua vistosa (e moderna) arquitetura; o Poço de Santana continua poluído e "diminuído" de sua importância histórica e cultural; alguns casarios do "centro histórico" vão sendo "reformados" aos poucos e sumindo de nossas vistas...e assim vão fazendo sumir também um pouco de nossa memória.
O desafio de dar vida outra vez ao Castelo implica, portanto, envolver os artistas e agentes culturais da cidade, a comunidade que vive no entorno do Castelo, de modo a que se crie uma rede de "cuidadores" do Castelo capaz de torna-lo o espaço cultural que de forma difusa se sonha toda as vezes que se entra ali.
Está mais do que na hora de os amantes da cidade se mobilizarem e impedirem essa destruição da memória e da cultura de nossa gente. Que seja bem vindo o CERES para essa empreitada, o que apenas o fortalece como espaço de ensino superior público federal, indo, assim, na bemvinda contramão das maluquices de algumas lideranças locais que andaram noticiando o desejo de se criar uma Universidade Federal do Seridó...mas isso é conversa para outro momento ou postagem.
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