Os olhos da coragem e as mãos da vergonha

Mais de um mês sem atualizar o blog...um pecadinho...não por falta de assunto, pois minha inquietude não me deixa ficar sem opinião ou sem observar tudo o que me rodeia. Mas mudanças difíceis e muito definidoras em minha vida tomaram meu tempo, energia e direção. Agora, espero retomar tudo e continuar aqui, nessa mesa de bar virtual, onde falo sozinho ou aos que param para compartilhar algo comigo.
Hoje, visitando o blog de meu querido Ailton Medeiros, vejo sua última postagem sobre o livro “A vida quer coragem”, de Ricardo Amaral, que chegará às livrarias nos próximos dias. Na postagem, ele reproduz foto da presidenta Dilma, quando jovem (22 anos), sentada no banco dos réus dos Inquéritos Militares da ditadura, contra os militantes da esquerda armada.
Chama a atenção na foto, não apenas o olhar altivo dela (mantido até hoje), mas também as mãos dos militares integrantes da banca de interrogadores, como se escondessem (inconscientemente) a vergonha de estarem sendo desafiados por aquela "menina", recém-saída dos suplícios das torturas que eles mesmos promoveram, dos quais muitos só saíram para serem enterrados.
Para os que só sabem da ditadura militar pelos livros de história que circulam nas escolas (públicas ou privadas) de nosso país, não dá para dimensionar o que significa essa mulher estar onde está hoje. Ela é, antes de tudo, uma sobrevivente. Agora, ela é a comandante de um complexo processo de consolidação de um determinado projeto político-social-econômico cujas repercussões históricas já estão à vista de todos e todas.

Comentários

Ana Pimenta disse…
O texto "os olhos da coragem e as mãos da vergonha" foi escrito em 2011, todavia, sua força de argumentação o faz tão presente, ou seja, transcende o tempo... Impressionante!!! Confesso que não conhecia a foto, assim, o parabenizo pela leitura tão perspicaz que fez ao contemplá-la/publicá-la.

Sucesso!!!

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