Olhando a janela...fragmentos de um amanhecer...

O dia, dia desses, amanheceu chuvoso e frio. De minha janela, alguns espigões rasgam o céu dessa cidade que quase não os tinha quando aqui cheguei, há 26 anos. Cada espigão que nasce me remete a uma pergunta básica: ali, onde existia uma casa com 1 família, agora tem 100. Será que o subterrâneo e a cidade suporta toda essa mudança (brusca em termos históricos)? Ali onde se guardava a produção de resíduos de 1 família, agora, se recebe cem vezes mais...Aquela cidade que conheci já não é a mesma e a mudança não foi inteiramente para melhor...A não ser que se entenda que engarrafamentos de veículos, saturação das vias dos esgotos e poluição dos lençóis freáticos seja um sinal de progresso.

Comentários

Unknown disse…
Caro professor,
boa noite!
O texto que postastes inspirou-me remeteu-me a um trecho de Este admirável mundo louco de Ruth Rocha:
"Eles moram, quase todos, amontoados nuns lugares muito feios, que eles chamam de cidades.
Esses lugares cheiram muito mal por causa de uma s porcarias que eles fabricam e de umas nuvens escuras que saem de uns tubos muito grande que por sua vez saem de dentro de umas caixas que eles chamam de fabricas.
Parece que eles vivem dentro de outras caixas.
Algumas destas caixas são grandes, outras são pequenas.

Nem sempre moram mais freguetes nas caixas maiores.
Ás vezes acontece o contrário: nas caixas grandes moram pouquinhos freguetes e nas caixas pequenininhas mora um monte deles.
Nas cidades existem muitas caixas amontoadas umas nas outras.
Parece que dentro destes amontoados há um tubo, por onde corre um carrinho na direção vertical, chamado elevador, porque eleva as pessoas pra o alto dos amontoados.
Não ouvi dizer que eles tenham descedores, o que me leva a acreditar que eles pulem lá de cima até embaixo, de alguma maneira que eu não sei explicar.

Quando fica claro, eles saem das caixas deles e todos começam a ir pra outro lugar de onde vieram.
Não sei como é que eles encontram, o lugar de onde eles saíram, mas encontram; e entram outra vez nas caixas.
Assim que eu cheguei era um pouco difícil compreender o que eles diziam. Mas logo, logo, graças a meus estudos de flóbitos, consegui aprender uma porção das línguas que eles falam.
Ah, porque eles falam uma porção de línguas diferentes.

E como é que eles se entendem?
E quem foi que disse que eles se entendem?"

Ainda lembrei de "Tempos modernos",Revolução Industrial e daquela música de Lulu Santos que diz: "eu vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isso por cima do muro de hipocrisia que insiste em nos rodear".Dá pra trabalhar a intertextualidade...rsrsrs.

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