Deus é Mulher!

No Dia Internacional da Mulher, normalmente, publico uma poesia ou um texto (um deles, aliás, admirável, do qual gosto muito e sempre o recomendo, da lavra do ex-deputado Marcos Rolim, pode ser acessado novamente clicando-se em http://quixotesforrosebaioes.blogspot.com/2009/03/elogio-as-bruxas-por-marcos-rolim.html). Distribuo loas à esses seres que, para mim, são a mais perfeita encarnação de Deus. Tenho, inclusive, uma teoria de que Ele, na verdade, é Ela. Já andei espalhando essa minha teoria-de-mesa-de-bar por aí. Numa de minhas explanações da tal teoria, um padre mais chegado me disse com um sorriso debochado "meu caro amigo, você quer minar os alicerces da cristandade" e explicou que Deus era Homem e Mulher. E delas sua característica mais marcante era a misericórdia.
Minha moribunda teoria não é um exercício racionalista, cartesiano ou agnóstico, mas encontra guarida nas próprias Escrituras Sagradas. E se a chamo de "moribunda" é apenas porque ela não dispõe de tanta sustentação como os tratados teológicos, mas já estou trabalhando nisso.
Bem, a tese é simples. Basta relembrarmos que lá no Gênesis há a clara determinação de que Deus fez o ser humano "à sua imagem e semelhança". Ao mesmo tempo, arrisco-me a dizer que a qualidade que dá a condição de "supremo", "de todo poderoso", enfim, "o maioral", o que distingue essa divindade que denominamos de Deus, de qualquer outra divindade, é exatamente o princípio anunciado, também no Gênesis, de que tudo o que existe, tudo o que há, e tudo o que haverá de existir foi "parido" por Ele...ou Ela, como prefiro.
Ora, se assim é, que ser, entre nós, estaria mais próximo dessa qualidade - "à sua imagem e semelhança" - que não elas, as mulheres, as fêmeas?! Para além disso, como sempre digo, cada uma delas traz consigo, também, o mistério da origem da vida. Afinal, apesar de toda as convicções monogâmicas que tranquilizam milhares de homens em todo o mundo, apenas elas, e ninguém além delas têm a certeza absoluta da origem dos seres que carregam em suas barrigas por nove meses. Somente elas podem, de fato, dizer "sim, você que é o pai dessa criança", e esse poder é só delas. Um poder que nos coloca do lado de cá da tranquilidade em conduzir a paternidade, ou do lado de lá, da dúvida, da angústia e de uma certa dor de cabeça.
Assim, penso ser razoável passarmos a falar d'Ela e não d'Ele como temos nos acostumado. A elas, nosso mais profundo respeito e admiração. Nosso mais intenso carinho. E que Deusa as proteja de todo o mal daqueles que tomados pela mais profunda inveja, muitas vezes, explodem violentamente...Lei Maria da Penha neles!!
É claro que aparecerão argumentos (igualmente fortes do ponto de vista antropológico e até mesmo teológico) de que somos pedaços desse Ser supremo e, portanto, apenas representações e/ou qualidades (em distintos sexos e funções) de uma mesma entidade. Pode ser...mas saber porque determinadas qualidades, no jogo da criação, "caiu" nesses seres chamados "masculinos" (que nem sempre são tão "másculos" assim) e "femininos" (que às vezes são pouco "afeminados"), também nos colocam no dilema humano básico de que aquilo que supostamente definimos como "natural" é, na verdade, "cultural", criado e mantido historicamente por nós. E aí, quem tiver mais poder, fará sua interpretação ser mais "naturalizada"...bem, a discussão já está começando a sair do "bar" (como eu gostaria) para virar papo filosófico/sociológico/antropológico rasinho, rasinho...
No mais, procurando uma forma de celebrar este dia, reproduzo apresentação de Lenine no Espaço Cultural Virtual Cine Rio Branco, cantando sua magistral "Todas Juntas num Só Ser", que diz um pouco do que cada homem sente e pensa em relação à mulher, e que - na ocasião da apresentação - deixou as feministas de Caicó e um grupo de feministas francesas que assistiam a apresentação, lendo as legendas (que aparecem no vídeo), arrepiadas.