50 anos da Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler
Vasculhando textos e rememorando memórias para preparar minhas aulas, eis que me deparo com texto escrito por Moacyr de Góes sobre a experiência da Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler. E ele - que morreu ano passado - acaba por me lembrar que em fevereiro de 1961, numa reunião do Comitê Nacionalista das Rocas, situada em uma das salas do grupo escolar onde hoje funciona a Escola Estadual Isabel Gondim, numa discussão sobre o analfabetismo em Natal (na época, a cidade contava com cerca de 25 mil analfabetos adultos), nascia a ideia de se fazer escolas de palhas de coqueiro, face aos poucos recursos da Prefeitura. Ainda há tempo para se começar a pensar nas comemorações. É tempo da UFRN e o Fórum Potiguar de EJA, a Secretaria Municipal de Educação de Natal, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do RN, os mandatos populares dos partidos de esquerda organizarem uma agenda de atividades não apenas para lembrar e marcar a data, mas também discuti-la, pelo que tem de pioneirismo, coragem, simbolismo e, fundamentalmente, pelo que ela oferece de respostas a questões atuais.
Me valho aqui de algumas passagens do texto do Moacyr de Góes, uma exposição em um evento sobre Paulo Freire em Recife, em 2001, onde ele trata disso.
Segundo ele, há, pelo menos quatro heranças da Campanha que são extremamente atuais:
1) a ideia de que escola não é prédio escolar e que, portanto, o processo educacional pode se realizar em espaços outros, superando o aprisionamento ao simbolismo do enclausuramento do conhecimento e de sua socialização, nos marcos de um espaço destinado exclusivamente a isso;
2) a formação dos professores feita pela própria Campanha, isto é, houve uma municipalização do Ensino Normal, na época, algo que se aproximava a um Curso de Pedagogia. 3) Face ao conteúdo "alienante" das cartilhas de alfabetização da época, a campanha passa a produzir seu próprio material didático, algo ainda hoje extremamente ousado.
4) O professor, em sua sala de aula, não era "largado à própria sorte", mas havia um acompanhamento pedagógico na proporção de um supervisor para cada vinte professores.
Para cada uma dessas questões poderíamos fazer todo um debate. Penso que é tempo de fazermos. Tá dada a sugestão. Tá feito o desafio.
Abaixo um vídeo com um depoimento do Moacyr de Góes sobre o surgimento da Campanha. Outros vídeos (inclusive reproduções da época da Campanha, podem ser encontradas no endereço dos Fóruns de EJA do Brasil, http://forumeja.org.br/depenochao)
Me valho aqui de algumas passagens do texto do Moacyr de Góes, uma exposição em um evento sobre Paulo Freire em Recife, em 2001, onde ele trata disso.
Segundo ele, há, pelo menos quatro heranças da Campanha que são extremamente atuais:
1) a ideia de que escola não é prédio escolar e que, portanto, o processo educacional pode se realizar em espaços outros, superando o aprisionamento ao simbolismo do enclausuramento do conhecimento e de sua socialização, nos marcos de um espaço destinado exclusivamente a isso;
2) a formação dos professores feita pela própria Campanha, isto é, houve uma municipalização do Ensino Normal, na época, algo que se aproximava a um Curso de Pedagogia. 3) Face ao conteúdo "alienante" das cartilhas de alfabetização da época, a campanha passa a produzir seu próprio material didático, algo ainda hoje extremamente ousado.
4) O professor, em sua sala de aula, não era "largado à própria sorte", mas havia um acompanhamento pedagógico na proporção de um supervisor para cada vinte professores.
Para cada uma dessas questões poderíamos fazer todo um debate. Penso que é tempo de fazermos. Tá dada a sugestão. Tá feito o desafio.
Abaixo um vídeo com um depoimento do Moacyr de Góes sobre o surgimento da Campanha. Outros vídeos (inclusive reproduções da época da Campanha, podem ser encontradas no endereço dos Fóruns de EJA do Brasil, http://forumeja.org.br/depenochao)
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