Da série "não vi mas já gostei": Besouro

Ao sair da sessão de um filme pouco atrativo (sim, porque nem lembro o título agora...portanto não deve ter me causado impacto algum) me deparei com o cartaz. O título, curto, de visibilidade imediata: "Besouro", sob a imagem de um negro saltando. Nem foi preciso pensar muito. Deduzi de imediato que, finalmente, o cinema brasileiro estava rendendo suas homenagens a um dos maiores mitos brasileiros: o "Besouro". Ponto para o diretor, o novato João Daniel Tikhomiroff.
É o reconhecimento tardio de um fantástico personagem presente (e sobreviente) no imaginário popular graças aos cânticos (ou "mantras", como diriam alguns) dos capoeiristas brasileiros, que nos seus jogos entoam as façanhas de Besouro.
Eu o conheci através de um texto do prof. José Gerardo Vasconcelos (da UFC) que pesquisou sobre o personagem e produziu um belo texto referindo-se à sua eternização pela memória popular, como que uma teimosia da memória popular em face de uma de suas maiores características em vida que era o mito de que ele não morria por ter o "corpo fechado".
Corri para ver o treiler já disponível no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=W2QgxB5xw-k) e na página oficial do filme (http://www.besouroofilme.com.br) - com mais de 300 mil acessos - e quem o fizer perceberá que o tratamento técnico se vale de efeitos especiais que o aproxima de produções como "O Tigre e o Dragão" ou "O Clã das adagas voadoras" - só para citar dois filmes recentes onde os efeitos especiais se voltam a materializar contos orientais. Estão à serviço da história e não o contrário. Por isso não vejo negatividade nisso. Mas não há coincidências aí. Agora leio que na equipe técnica do filme está nada mais nada menos que um tal de Dee Dee, apelido de Hiuen Chiu, responsável pelos vôos do elenco de..."O Tigre e o Dragão", de Ang Lee e que trabalhou como coreógrafo em filmes como "Matrix" e "Kill Bill".
Muitos torcerão o nariz por essa "americanização" visual do filme, mas o certo é que também muitos saberão da existência desse mito exatamente nessa dimensão do "fantástico" dessa forma, o que é muito importante, para que não pensemos que só europeus e americanos (e chineses) que têm seus (super)heróis. Nós também. E da melhor linha: da África.
A previsão de estréia nacional é 30 de outubro...Aguardemos que aqui tenhamos essa chance.

Comentários

Deyse Karla disse…
Olá Alessandro, finalmente vou tecer um comentário em seu blog. Assisti ao filme Besouro, havia criado uma expectativa tão grande q fui assistir no segundo dia de exibição após a estréia. Achei q a produção deixou a desejar, pois o roteiro tem falhas, especialmente de continuidade. O roteiro propõe ser um filme de ação, mas é lento demais. Poucas cenas de capoeira, e o investimento foi alto demais para os poucos minutos diluídos ao longo do filme, com os efeitos especiais, tão propagados há meses, na internet. Gostei da forma como apresentaram os orixás a fotografia do filme é belíssima, naquele cenário maravilhoso da Chapada Diamantina e também porque ele fala de um "negro herói brasileiro". Apesar das falhas é sempre bom prestigiar o cinema nacional.

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