Escola Cooperativa: uma experiência pedagógica
Quero aproveitar este espaço para fazer a divulgação de uma experiência educacional que vivenciei e que sempre que posso divulgo, especialmente neste período em que pais e mães (ou responsáveis) se voltam à busca de uma escola para matricular seus filhos.
Trata-se da Escola Cooperativa (que nasceu sob a sigla COEDUC). A Escola nasceu em 1992, fruto da insatisfação de um grupo de professores e pais em relação aos rumos e as experiências conhecidas das escolas públicas e privadas.
O rol de insatisfações abrigava questões de natureza financeira, pedagógica e de gestão. No que diz respeito ao quesito financeiro, os pais estavam cansados dos altos custos apresentados pelas escolas privadas, sem o mínimo de transparência contábil. Na parte pedagógica, os professores viam-se reféns de modelos pedagógicos rígidos, pouco abertos a inovações didáticas e cujo compromisso com uma formação humanista, fundada em princípios e valores pautados na solidariedade, na cidadania e na tolerância às diferenças (étnicas, sociais, físicas e culturais) não ultrapassavam os marcos de um discurso vago (isso, tanto nas escolas privadas, como nas escolas públicas). Em relação à gestão, em ambas as escolas predominava (e em certa medida ainda predomina) um estilo vertical de gestão, em que aos pais aparecem apenas como coadjuvantes para aprovação de medidas previamente pensadas e definidas pelas direções das escolas.
A Escola iniciou suas atividades negando NA PRÁTICA tudo isso. Ao voltar a morar em Natal, por volta de 2001, conhecia as referências da escola e não pensei duas vezes em matricular meus filhos (Cainã, então com 8 anos e Cauê, então com 5) nessa escola. Pude compartilhar com outros pais e professores, um processo educacional substancialmente diferenciado. Participamos de atividades onde víamos os princípios da inclusão verdadeiramente praticadas (apresentações artísticas e atividades esportivas onde “normais” e “portadores de deficiência” interagiam). Éramos convidados a participar de reuniões e assembléias onde as atividades de natureza pedagógica eram esclarecidas de modo que sabíamos que enfoques seriam trabalhados em relação aos conteúdos curriculares. Sabíamos dos custos de manutenção da escola porque as prestações de contas do ano anterior eram divulgadas nas reuniões e, portanto, decidíamos quanto teríamos que pagar no ano seguinte em face de um planejamento onde podíamos escolher e definir prioridades de gastos e investimentos. Vivenciei uma experiência cooperativista em seu sentido pleno.
Havia um cuidado especial da equipe pedagógica com a dimensão artística na formação daqueles meninos e meninas. Boa parte da sensibildade artística de meus filhos é devedora de projetos em que a Escola trazia artistas locais para o convívio deles. Os estudantes tinham a oportunidade de conversar cara a cara com o artista escolhido para tematizar as atividades, discutindo a história de vida e a obra dele. Aliás, essas obras, via de regra, orientavam processos de “releitura” dos mais diversos tipos.
No momento em que meus filhos estavam matriculados, vivenciamos um processo ao mesmo tempo tenso e gratificante. A escola passava por problemas financeiros. Pouco anos antes, o desejo de uma parte dos pais (cujos filhos haviam terminado o Ensino Fundamental) em manter seus filhos naquela escola, sob aquela proposta pedagógica, fez com organizassem uma turma de Ensino Médio. Um empreendimento que a escola não teve pernas para sustentar. Havia o risco iminente da escola fechar. Ao contrário do que pensaram muitos, os pais não fugiram em debandada. As contas foram apresentadas em assembléia. Decidiu-se que cada um dos pais ali presentes teria a responsabilidade de trazer mais dois novos pais, a fim de que ao final de um determinado período tívessemos um número tal de matrículas que correspondiam a uma entrada de recursos capaz de garantir a sustentabilidade da escola sob determinadas condições.
E assim fizemos. Divulgamos entre os vizinhos. Organizamos divulgação em sinais de trânsito nas proximidades. E conseguimos cumprir aquela meta. E a escola não fechou. Claro que tivemos perdas: ao ter que reduzir o valor da hora-aula paga aos professores (na época o valor praticado pela Escola era equivalente aos das demais escolas privadas), perdemos bons profissionais que se viram na contingência de aceitar as propostas das “grandes” escolas privadas e deixar (quase todos contra a vontade) a Escola.
A Escola Cooperativa se mantém até hoje. Funciona na rua Governador Valadares, no conjunto Pirangi, pertinho da Lagoa do trevo da Av. Ayrton Senna e está com suas matrículas abertas. Maiores detalhes, é só ligar para o telefone 3207 1066.
Trata-se da Escola Cooperativa (que nasceu sob a sigla COEDUC). A Escola nasceu em 1992, fruto da insatisfação de um grupo de professores e pais em relação aos rumos e as experiências conhecidas das escolas públicas e privadas.
O rol de insatisfações abrigava questões de natureza financeira, pedagógica e de gestão. No que diz respeito ao quesito financeiro, os pais estavam cansados dos altos custos apresentados pelas escolas privadas, sem o mínimo de transparência contábil. Na parte pedagógica, os professores viam-se reféns de modelos pedagógicos rígidos, pouco abertos a inovações didáticas e cujo compromisso com uma formação humanista, fundada em princípios e valores pautados na solidariedade, na cidadania e na tolerância às diferenças (étnicas, sociais, físicas e culturais) não ultrapassavam os marcos de um discurso vago (isso, tanto nas escolas privadas, como nas escolas públicas). Em relação à gestão, em ambas as escolas predominava (e em certa medida ainda predomina) um estilo vertical de gestão, em que aos pais aparecem apenas como coadjuvantes para aprovação de medidas previamente pensadas e definidas pelas direções das escolas.
A Escola iniciou suas atividades negando NA PRÁTICA tudo isso. Ao voltar a morar em Natal, por volta de 2001, conhecia as referências da escola e não pensei duas vezes em matricular meus filhos (Cainã, então com 8 anos e Cauê, então com 5) nessa escola. Pude compartilhar com outros pais e professores, um processo educacional substancialmente diferenciado. Participamos de atividades onde víamos os princípios da inclusão verdadeiramente praticadas (apresentações artísticas e atividades esportivas onde “normais” e “portadores de deficiência” interagiam). Éramos convidados a participar de reuniões e assembléias onde as atividades de natureza pedagógica eram esclarecidas de modo que sabíamos que enfoques seriam trabalhados em relação aos conteúdos curriculares. Sabíamos dos custos de manutenção da escola porque as prestações de contas do ano anterior eram divulgadas nas reuniões e, portanto, decidíamos quanto teríamos que pagar no ano seguinte em face de um planejamento onde podíamos escolher e definir prioridades de gastos e investimentos. Vivenciei uma experiência cooperativista em seu sentido pleno.
Havia um cuidado especial da equipe pedagógica com a dimensão artística na formação daqueles meninos e meninas. Boa parte da sensibildade artística de meus filhos é devedora de projetos em que a Escola trazia artistas locais para o convívio deles. Os estudantes tinham a oportunidade de conversar cara a cara com o artista escolhido para tematizar as atividades, discutindo a história de vida e a obra dele. Aliás, essas obras, via de regra, orientavam processos de “releitura” dos mais diversos tipos.
No momento em que meus filhos estavam matriculados, vivenciamos um processo ao mesmo tempo tenso e gratificante. A escola passava por problemas financeiros. Pouco anos antes, o desejo de uma parte dos pais (cujos filhos haviam terminado o Ensino Fundamental) em manter seus filhos naquela escola, sob aquela proposta pedagógica, fez com organizassem uma turma de Ensino Médio. Um empreendimento que a escola não teve pernas para sustentar. Havia o risco iminente da escola fechar. Ao contrário do que pensaram muitos, os pais não fugiram em debandada. As contas foram apresentadas em assembléia. Decidiu-se que cada um dos pais ali presentes teria a responsabilidade de trazer mais dois novos pais, a fim de que ao final de um determinado período tívessemos um número tal de matrículas que correspondiam a uma entrada de recursos capaz de garantir a sustentabilidade da escola sob determinadas condições.
E assim fizemos. Divulgamos entre os vizinhos. Organizamos divulgação em sinais de trânsito nas proximidades. E conseguimos cumprir aquela meta. E a escola não fechou. Claro que tivemos perdas: ao ter que reduzir o valor da hora-aula paga aos professores (na época o valor praticado pela Escola era equivalente aos das demais escolas privadas), perdemos bons profissionais que se viram na contingência de aceitar as propostas das “grandes” escolas privadas e deixar (quase todos contra a vontade) a Escola.
A Escola Cooperativa se mantém até hoje. Funciona na rua Governador Valadares, no conjunto Pirangi, pertinho da Lagoa do trevo da Av. Ayrton Senna e está com suas matrículas abertas. Maiores detalhes, é só ligar para o telefone 3207 1066.
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