Da série "poemas tardios"
Este poema não é novo. Nasceu em maio de 2005. Foi sendo desenhado nos braços de uma cadeira de um auditório, onde se realizava um Congresso. Nasceu, portanto, em meio às agitações típicas desses eventos. Mas, mesmo com tanto barulho, nasceu serena e silenciosamente. Apenas a minha alma gritava. Ninguém percebeu seu nascimento, porque, claro, esses gritos da alma não são necessariamente estridentes. Tão imediatamente veio ao mundo se anunciou a quem, de fato, o fez nascer.
A partir daquele dia, além dele, outros poemas nasceriam movidos pela mesma força copular e parideira a quem eles se apresentaram e se desnudaram, com a intensidade do vermelhidão das pitangas e das chuvas torrenciais dos invernos no sertão. Força que não se acaba, porque movida a emoção, sustento do coração, cujas razões a própria razão e o próprio coração desconhecem. E se confundem. Se misturam. Ganham mundo. Bem...já escrevi demais...Espero que gostem. Quem quiser, pode sugerir um título. Bom final de semana.
De súbito, um pingo.
(chuva que se avizinha)
em sua imensidão
escorre pelo meu rosto,
serpenteia meu pescoço.
Divide-se em dois.
Delineia meu esquerdo e direito.
Um terceiro filete
lambe meu peito
em direção aos países baixos.
Salta, trapezístico, e cai
sobre minhas pernas,
junto com os outros dois filetes,
exaustos de se livrarem de minhas mãos trêmulas.
E se reencontram,
mapeando o relevo de minhas pernas,
e a floresta de pelos erguidos em arrepio.
Ao deixarem meu pé,
(última estação de meu corpo)
encontram-se com milhões
de outros pingos,
trapezistas da chuva torrencial,
e ao olharem para trás,
flagram-se perseguidos
por outros tantos milhares
de pingos malabares,
desejosos de se tornarem
poços, rios, lagos e oceanos.
A partir daquele dia, além dele, outros poemas nasceriam movidos pela mesma força copular e parideira a quem eles se apresentaram e se desnudaram, com a intensidade do vermelhidão das pitangas e das chuvas torrenciais dos invernos no sertão. Força que não se acaba, porque movida a emoção, sustento do coração, cujas razões a própria razão e o próprio coração desconhecem. E se confundem. Se misturam. Ganham mundo. Bem...já escrevi demais...Espero que gostem. Quem quiser, pode sugerir um título. Bom final de semana.
De súbito, um pingo.
(chuva que se avizinha)
em sua imensidão
escorre pelo meu rosto,
serpenteia meu pescoço.
Divide-se em dois.
Delineia meu esquerdo e direito.
Um terceiro filete
lambe meu peito
em direção aos países baixos.
Salta, trapezístico, e cai
sobre minhas pernas,
junto com os outros dois filetes,
exaustos de se livrarem de minhas mãos trêmulas.
E se reencontram,
mapeando o relevo de minhas pernas,
e a floresta de pelos erguidos em arrepio.
Ao deixarem meu pé,
(última estação de meu corpo)
encontram-se com milhões
de outros pingos,
trapezistas da chuva torrencial,
e ao olharem para trás,
flagram-se perseguidos
por outros tantos milhares
de pingos malabares,
desejosos de se tornarem
poços, rios, lagos e oceanos.
Comentários
Embora não tenha deixado provas expressas em comentários (!!), visito sempre seu blog (como eu disse que faria). Hoje resolvi deixar algo, pra expressar o prazer que tenho em ler suas idéias, presentes em textos e poemas. Que poemas!!! Não tenho sugestão pra o título. Infelizmente... Mas quero dizer que gostei muito. Admirável!A 'introdução' foi ímpar. E você nunca escreve demais!Pelo contrário, sempre dá vontade de ler mais o que você escreve!!!
Abraço!
Ah, e talvez eu não seja tão 'desconhecida' assim... rsrs...
Abço!
Deus, olhei para trás e me vi correndo de milhares de pingos! Menino, alguém mais deve ter se lembrado de quando descíamos o Morro do Careca. Sempre olhávamos para trás e, quando percebíamos os que corriam malucos e desorientados em nossa direção, gritávamos 'como mulherzinhas'. Ai, que delícia! Descíamos correndo como espermatozóides. Parecia que tudo acabaria, se não chegássemos logo ao fim. Tolos... O mar nos esperava... Eh, eh, eh! Adorei! Vou escrever sobre isso! Um título?
"Sobre minhas corredeiras"
Pelo menos as minhas, que eram de areia, mas desembocavam no mar.