100 anos de Cartola
Amanhã, todo o país deve(ria) comemorar os 100 anos de nascimento de Angenor de Oliveira, o Cartola. Figura ímpar da música e da cultura popular brasileira. Cartola nasceu no bairro do Catete. Foi o quarto dos sete filhos que seus pais tiveram.
A qualidade e a quantidade de suas poesias esconde aos incautos que Cartola estudou somente até o equivalente aos primeiro anos do Ensino Fundamental. Sempre viveu de "bicos": foi pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, vigia de prédio e contínuo de repartição pública.
Aliás, foi como pedreiro que ganhou seu apelido, "Cartola". Conta-se que, vaidoso, quando trabalhava com cimento se aborrecia por frequentemente sujar os cabelos. Passou então a sempre usar um chapéu para proteger os cabelos do cimento. Os amigos então o apelidaram de Cartola.
A maior parte da vida, Cartola dedicou à Mangueira como diretor de harmonia e um dos compositores da Escola. Seus sambas são gravados por muitos cantores durante a decáda de 1930 e em 1940, participa de gravações com vários músicos brasileiros (Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Jararaca, Zé da Zilda e outros) a bordo do navio "Uruguai". Estas gravações se destinavam a um projeto do maestro americano Leopold Stokowski, e só foram lançadas nos Estados Unidos em 1946, numa coletânea intitulada "Native Brazilian Music".
Por volta dos anos 50, o cronista Sérgio Porto (também conhecido como Stanislaw Ponte Preta) o encontra lavando carros, trabalhando num posto em Ipanema nas madrugadas, e o relança como cantor e compositor.
Em 1952 curado de uma forte meningite, volta a viver no morro da Mangueira (havia se mudado para a Baixada Fluminense depois de discordar dos diretores da Mangueira, sobre os rumos da Escola de Samba) e começa a namorar a também viúva dona Euzébia Silva do Nascimento, a famosa Dona Zica - irmã da mulher do companheiro (e grande sambista) Carlos Cachaça. Dona Zica e Cartola haviam crescido juntos, haviam se conhecido nos desfiles dos blocos carnavalescos de rua. Cartola era dos "Arrepiados" e Dona Zica era do "Bloco do Seu Júlio". Cartola e Dona Zica casam-se depois de doze anos juntos, em 1964.
É ao lado de Dona Zica que Cartola compõe "As Rosas não Falam", "Nós Dois" (dois dias antes do casamento de Cartola e Dona Zica), "Tive Sim" e "O sol nascerá" (parceria com Elton Medeiros e gravada por Nara Leão).
Um homem cuja Escola que amou foi uma de Samba...cuja beleza das letras não foi aprendida em processos didático-pedagógicos sistemáticos e diretivos, mas pela alma poética, pelos amores experienciados. Isso não desmerece nada ou ninguém. Apenas nos põe atentos à beleza e riqueza dos processos humanos e pedagógicos muitas vezes invisíveis.
Há uma frase atribuída a Nelson Sargento (outro compositor carioca ilustre), muito bonita, segundo a qual, "Cartola não existiu, foi um sonho que a gente teve."
Sonho ou não, Cartola foi e é trilha sonora para muita gente. Tanto pelas músicas que compôs, como "As rosas não falam", como por aquelas que mesmo não sendo dele, ele as imortalizou, como "Preciso Me Encontrar", de Candeia.
E minha homenagem a ele vai com ela...
"Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Quando eu me encontrar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Quando eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Depois que eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Depois, depois
Que eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Depois, depois
Depois que eu me encontrar..."
Bom final de semana a todos e todas...
A qualidade e a quantidade de suas poesias esconde aos incautos que Cartola estudou somente até o equivalente aos primeiro anos do Ensino Fundamental. Sempre viveu de "bicos": foi pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, vigia de prédio e contínuo de repartição pública.
Aliás, foi como pedreiro que ganhou seu apelido, "Cartola". Conta-se que, vaidoso, quando trabalhava com cimento se aborrecia por frequentemente sujar os cabelos. Passou então a sempre usar um chapéu para proteger os cabelos do cimento. Os amigos então o apelidaram de Cartola.
A maior parte da vida, Cartola dedicou à Mangueira como diretor de harmonia e um dos compositores da Escola. Seus sambas são gravados por muitos cantores durante a decáda de 1930 e em 1940, participa de gravações com vários músicos brasileiros (Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Jararaca, Zé da Zilda e outros) a bordo do navio "Uruguai". Estas gravações se destinavam a um projeto do maestro americano Leopold Stokowski, e só foram lançadas nos Estados Unidos em 1946, numa coletânea intitulada "Native Brazilian Music".
Por volta dos anos 50, o cronista Sérgio Porto (também conhecido como Stanislaw Ponte Preta) o encontra lavando carros, trabalhando num posto em Ipanema nas madrugadas, e o relança como cantor e compositor.
Em 1952 curado de uma forte meningite, volta a viver no morro da Mangueira (havia se mudado para a Baixada Fluminense depois de discordar dos diretores da Mangueira, sobre os rumos da Escola de Samba) e começa a namorar a também viúva dona Euzébia Silva do Nascimento, a famosa Dona Zica - irmã da mulher do companheiro (e grande sambista) Carlos Cachaça. Dona Zica e Cartola haviam crescido juntos, haviam se conhecido nos desfiles dos blocos carnavalescos de rua. Cartola era dos "Arrepiados" e Dona Zica era do "Bloco do Seu Júlio". Cartola e Dona Zica casam-se depois de doze anos juntos, em 1964.
É ao lado de Dona Zica que Cartola compõe "As Rosas não Falam", "Nós Dois" (dois dias antes do casamento de Cartola e Dona Zica), "Tive Sim" e "O sol nascerá" (parceria com Elton Medeiros e gravada por Nara Leão).
Um homem cuja Escola que amou foi uma de Samba...cuja beleza das letras não foi aprendida em processos didático-pedagógicos sistemáticos e diretivos, mas pela alma poética, pelos amores experienciados. Isso não desmerece nada ou ninguém. Apenas nos põe atentos à beleza e riqueza dos processos humanos e pedagógicos muitas vezes invisíveis.
Há uma frase atribuída a Nelson Sargento (outro compositor carioca ilustre), muito bonita, segundo a qual, "Cartola não existiu, foi um sonho que a gente teve."
Sonho ou não, Cartola foi e é trilha sonora para muita gente. Tanto pelas músicas que compôs, como "As rosas não falam", como por aquelas que mesmo não sendo dele, ele as imortalizou, como "Preciso Me Encontrar", de Candeia.
E minha homenagem a ele vai com ela...
"Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Quando eu me encontrar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Quando eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Depois que eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Depois, depois
Que eu me encontrar
Quando eu me encontrar
Depois, depois
Depois que eu me encontrar..."
Bom final de semana a todos e todas...
Comentários
Nivaldete
Dei a deixa pra esse post hein?