A morte e a vida em Dorival Caymmi

Assim, não tenho como falar de suas qualidades musicais ou tecer comentários qualificados sobre sua obra. Minha referência dele se relaciona a um comentário singelo feito por ele numa entrevista quando foi perguntado sobre qual seria sua maior alegria como músico e ele, simplesmente, disse que ficaria realizado se suas músicas perdurassem cantadas na boca do povo como domínio público, reproduzidas geração a geração sem que ninguém soubesse a origem e a autoria.
Fiquei encantado e emocionado com a aparentemente inusitada resposta porque ela sintetizava sua perspectiva do jogo da vida e da morte da obra humana. A eternidade não como feito de um indivíduo mas como entranhamento e absoluta interpenetração dele com a sua cultura, seu povo, seus iguais. Uma eternidade que só se estabelece quando o tempo engole acontecimentos seminais como o nascimento e a morte e se deixa marcar pelo que os humanos realizam entre um e outro ponto da existência.
Comentários