Aluno cotista tem desempenho semelhante ao de não cotista

Notícia recentemente publicada dá uma dimensão dos primeiros efeitos da política de cotas adotada pela UnB. São dados interessantes, que nos ajudam a pensar mais nessa forma de inserção das questões da discriminação racial na agenda pública.
A notícia foi publicada no noticiário "Em questão", do Portal do Governo Brasileiro (http://www.brasil.gov.br/noticias/em_questao/.questao/eq691a/)

"Relatório da Assessoria de Diversidade e Apoio aos Cotistas (Adac), da Universidade de Brasília (UnB), mostra que o desempenho acadêmico dos estudantes da instituição que entraram pelo sistema de cotas para negros é semelhante ao do sistema universal. A média dos cotistas é de 2,1 para as notas, em uma escala de 0 a 5. O número de trancamentos é de 0,3 e reprovações são duas por período. A nota média dos não-cotistas é de 2,3. Eles trancam em média uma disciplina ao longo do curso e 3,5 são reprovados por período. Deve-se considerar que o número de estudantes universalistas é muito maior que o de cotistas. Antes do sistema, a UnB tinha apenas 2% de estudantes negros. Hoje, conta com praticamente 12%, uma representatividade seis vezes maior. Isto trouxe uma nova realidade acadêmica, tendo como exemplo a aprovação no vestibular, pelo sistema de cotas, de um morador de rua e de uma quilombola. Ainda assim, o número está longe dos 45% de negros (pretos e pardos) que compõem a população brasiliense, segundo o IBGE. “São políticas que reconhecem e valorizam a pluralidade étnica que marca a sociedade brasileira e, ao tratar de maneira desigual os desiguais, avança no caminho da justiça social e da igualdade de oportunidades”, afirma o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos. Hoje já são 2.332 estudantes que entraram pelo sistema de cotas para negros (1.218 homens e 1.114 mulheres), o que representa 11,9% do total de 19.583 alunos de graduação da UnB. Os cotistas ainda correspondem a 2,7% dos 1.622 prováveis formandos do primeiro semestre de 2008. A partir da disponibilidade da lista destes formandos, constatou-se que, em dezenove cursos com duração de quatro anos, havia uma distribuição de 44 estudantes oriundos do sistema de cotas. A dispersão entre os cursos ajuda a comprovar o elevado empenho dos cotistas em sua formação. Desempenho - A nota média destes prováveis formandos cotistas ao longo de sua formação, analisados como um grupo, foi de 3,9 (escala de 0 a 5), o que demonstra um desempenho coletivo acima da média. A menor média individual foi 2,8 e a maior 4,8. Uma entrevista feita com 38 dos formandos cotistas (86,4% do total), constatou que 57,9% já ingressaram no mercado de trabalho; 18,4% estão em estágios; e 23,7% não trabalham ou estagiam, dedicando-se a outros estudos, como os preparatórios para concursos públicos ou pós-graduação. “A política de cotas não deve ser uma política eterna. Deve cumprir seu papel histórico apenas enquanto as ações de melhoria do ensino fundamental e médio estiverem incompletas. Neste tempo servirá também para reparar as injustiças que os negros(as) brasileiros(as) experimentaram para construir esta nação”, assegura o ministro. Histórico - O Sistema de cotas para Negros foi aprovado no dia 6 de junho de 2003 pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UnB, no âmbito do Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial. O objetivo é destinar durante um período de dez anos, 20% do total de vagas de cada curso oferecido nos vestibulares a candidatos negros de cor preta ou parda. De acordo com o relatório, o impacto foi imediato, tanto que o primeiro vestibular da UnB com o sistema, o 2º Vestibular de 2004, atraiu 4.400 candidatos, de um total de 23,5 mil inscritos no vestibular."

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