As cascas que caem da tinta que recobre o CEJA

Encontro-me em Caicó desde quarta. Fico até domingo porque estou imerso nos preparativos do Espetáculo "Cantos e Encantos de Fé", com o Sertão Encanto (em outro momento tratarei disso). Assim, tenho tido a oportunidade de rever pessoas e lugares daqui com mais tranqüilidade do que quando venho normalmente, momento em que fico, no máximo por 24 horas. E nestes dias, andando em direção ao CERES/UFRN passo de frente ao CEJA, escola pública onde estudei a maior parte dos meus anos escolares, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Fiquei estarrecido. A escola está pessimamente mantida. Feia. Mal cuidada. E não se trata de ser por causa de estármos no final do ano. Ela já estava assim desde o início do ano. Ainda em julho, quando vim para passar os últimos dias da Festa de Santana, fiquei atiçado para participar de uma festa do ex-aluno que um grupo promove todos os anos. Fiquei curioso se fariam a tal festa nas dependências da escola. Não pude ir pois caiu numa data em que ainda estava em Natal. Mas se tivesse ido teria chamado todos para uma reflexão básica: o que estamos fazendo para melhorar aquela escola que nos acolheu por tanto tempo?
Quem visita o prédio se encanta pela sua arquitetura moderna, suas rampas que permitem a acessibilidade de todos (inclusive quem se locomove em cadeiras de rodas) e une blocos de salas de aula pelo alto. O arquiteto que a projetou é um caicoense ex-aluno de Oscar Niemeyer, portanto, o projeto arquitetônico do CEJA é um filhote direto do que temos de mais grandioso em termos de arquitetura nacional. Por muito tempo foi tida como a maior escola pública estadual do RN em termos de tamanho. Não sei se ainda o é. Mas é grande em afeto e presença na vida de muitos.
Fiquei pensando que muitos dos ex-alunos daquela escola são hoje promotores, deputados, assessores técnicos de diversas autoridades públicas, ocupam cargos de poder em nível municipal e estadual. E devem isso ao singelo fato de terem frequentado aquela escola. Comido o lanche daquela cantina, namorado naqueles bancos e...claro! estudado naquelas salas...O que poderiam fazer por aquela escola? Não estou falando nem em questões pedagógicas (melhoria dos salários dos professores ou coisa parecida), apesar de compreender que estudar numa escola bem pintada, cheirosa e agradável ajuda muito...
Fica aqui meu lamento e um apelo aos que detém o poder de desencadear movimentos no sentido de deixarmos o CEJA mais "arrumado".
Abraços a todos.

P.S. Depois falarei sobre o Espetáculo do Sertão Encanto.

Comentários

Ines Mota disse…
Claro, Sandro. estudar num estabelecimento asseado, limpinho, é muito mais agradável, sim. O CEJA é realmente uma escola muito bonita.
da vez em que estive por lá constatei a decadência daquele lugar. Paredes sujas e quebradas, sem pintura descascando.Piso estragado. E pra falar só da plástica.
Um enorme beijo, criatura linda e visionária.
Ana Pimenta disse…
Seu lamento e apelo traduzem o imenso AMOR que têm por suas raízes... Que lindo!!! Você é, seguramente, um grande Caicoense que honra suas origens... Nossa, você despertou minha curiosidade, como estará o CEJA atualmente??? Impressionante, como deixaram um projeto arquitetônico idealizado/projetado por um filho da terra e ex-aluno do tão ilustre/renomado Oscar Niemeyer ficar praticamente em ruínas??? Estarrecedor... DESEJO que seu lamento e apelo tenham sensibilizado a todos os envolvidos no sentido de mudar tal realidade, pois preservar os bens culturais, os projetos arquitetônicos tão singulares dos mais longínquos lugares desse grandioso país, deveria ser um DESEJO ardoroso/apaixonado dos seus habitantes... Quiça um dia esse desejo transforme-se em realidade, rsrs... Assim espero!!!

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