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Mostrando postagens de abril, 2016

A omissão do STF no golpe em curso, por Antonio Lassance

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Se o Supremo Tribunal Federal fala que não há golpe em curso, quem somos nós para discordar? Na verdade, nós somos aqueles que conhecem minimamente a História do Brasil e a História do Supremo para saber que o STF nunca viu golpe no país. Mais uma vez, não será diferente. Nunca houve no Brasil uma única decisão do STF que contrariasse um ato golpista frontalmente ou sequer o denunciasse à opinião pública nacional ou à comunidade internacional. Ao contrário, o STF sempre cumpriu o papel de dizer que os golpes são absolutamente... "constitucionais". Em todas as ditaduras, como a de 1937 a 1945 e a de 1964 a 1985, a maioria do STF esteve rigorosamente alinhada a esses regimes de exceção. O Supremo era parte do golpe. Sua camarilha de boçais obsequiosamente entregava aos ditadores homenagens judiciosas, embromações magistrais, constitucionalismos de araque. Alguém pode perguntar se caberia ao STF algum papel de resistência. Partindo do óbvio, golpes são inconstitucionais, c

A essa altura do campeonato, parte 2 ou O significado das lutas nas ruas.

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Em minha última postagem utilizei-me da metáfora futebolística para me referir ao processo político que estamos vivenciando. Dizia que o time “de cá”, em favor da democracia, encontrava-se tal qual uma equipe a qual ainda tem 30 minutos até o fim do jogo. O time adversário joga completo e ganhando, enquanto o time de cá já fez o máximo de substituições possíveis, o atacante homem-gol joga, mas machucado, sem poder de fogo e a defesa teve seu melhor zagueiro e o goleiro expulsos, restando, assim, o improviso de colocar um dos jogadores de linha para atuar como goleiro. Meu amigo Fábio sugeriu que eu acrescentasse que nesse jogo os árbitros estão todos comprados...verdade trágica e certeira. Apontei algumas questões relacionadas ao traço da estratégia dos golpistas e encerrei chamando atenção que, para mim, o time “de cá” precisa montar novo esquema tático e mesmo nova equipe, novos nomes, na medida em que se abre um novo período de disputas cujo território não se resume ao campo

A Essa altura do campeonato...Reflexões sobre o golpe em curso e o jogo a ser jogado pelo time da democracia, parte 1

Ainda faltam 30 minutos para o jogo acabar. O time de lá completo e ganhando. O time de cá já fez o máximo de substituições possíveis, o atacante homem-gol joga, mas machucado, portanto, sem muito poder de fogo. A defesa teve seu melhor zagueiro expulso, assim como o goleiro, para cuja substituição teve-se que improvisar um dos jogadores de linha. Desculpem os que não conhecem a modalidade esportiva, mas a metáfora futebolística cabe bem na situação em que estamos diante do golpe em andamento. O jogo institucional já está jogado. Trata-se de – no caso do time “de cá” – jogá-lo com dignidade até o fim. Mas há de se estar ciente de que esta não é a última partida e sim o início de uma nova fase do campeonato. O problema está em definir um novo esquema tático e um novo time. Mas antes pensemos sobre o jogo que o time golpista joga nesse momento. O enredo golpista já está traçado. Derrota do governo na Câmara e depois no Senado, com as bênçãos da alta corte de justiça. Junte-se a is

Desacerto ou Pequena Crônica Antihomofóbica de Alguém Fora do Tempo

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De repente o box de mensagem emerge. Oi tudo bem? Tudo! , respondo de forma protocolar. O nome da pessoa indica ser uma amiga de velhos tempos da adolescência em Caicó, mas com a evolução da conversa percebo, rapidamente, que não é a tal pessoa, apesar do nome ser o mesmo. Putz...adicionei a pessoa por engano. Bem, mas vamos lá...deixemos a conversa correr até onde for possível... Não lembro bem como nem porquê, mas a certa altura da conversa a criatura, do alto dos seus 17 anos, me diz que odeia gays . Pergunto se algum gay havia feito algum mal a ela. Não! Eu também evito que eles se aproximem. Vejo nas fotos do perfil dela que a criatura usa piercings. Comento que conheço pessoas que não toleram quem usa piercing. Pergunto o que ela pensa a respeito e ela imediatamente responde: Pessoas ignorantes. Há muita gente que usa piercing e que é do bem. Respondo que também conheço muitos gays que são “do bem”. Aí vem a afirmação desconcertante: Entendi. Você é daquelas pessoas certinha

Após 17 de abril não seremos os mesmos

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Contagem regressiva...as vezes em que me lembro sentir o que sinto agora são raros: no dia da votação das Diretas Já (ainda era um moleque em Caicó) e no dia da divulgação do resultado do 1o. turno das eleições presidenciais de 1989 (já adolescente enfurnado até o talo no movimento estudantil da UFRN)...momentos em que minhas esperanças se misturavam com a ansiedade e as dúvidas do que viria depois. Hoje acordei com vontade de escrever muita coisa. Escrever uma carta ao meu neto como quem escreve ao futuro...Só consigo o que vem a seguir. A partir de segunda feira não seremos mais os mesmos. Se a nossa luta contra o golpe vence, o governo Dilma terá que assumir outros rumos, não apenas em consideração a todxs aqueles que foram às ruas defendê-la, mas porque seu segundo mandato revela o esgotamento de um projeto cujas fragilidades atuais (pelo menos para mim e minha limitada compreensão) são decorrentes de: a) uma política econômica que ampliou o mercado interno e a capacidade de co